A recente detenção de três líderes de associações de táxi pelo SIC não só apanhou de surpresa muitos observadores, como também está a suscitar várias leituras no espaço público.
Um conselheiro ou conselheira a priori, é uma referência. Pois quando estiver a falar todos param para lhe escutar...
Ler os sinais do tempo é uma habilidade essencial para qualquer liderança seja dentro de uma família, de uma instituição, de um grupo organizado ou de um governo. É parte da rotina de balanços, de análises de crise e de prevenção de rupturas. Quando essa leitura falha, abre-se espaço para tensões que poderiam ser evitadas com diálogo e inteligência.
O Presidente da República voltou a atacar, em termos ásperos, as redes sociais na sua resposta aos tumultos, que, na semana passada, sacudiram o País, mormente Luanda, onde foram registadas dezenas de mortos, feridos e actos de vandalismo e pilhagens de bens públicos e privados.
Não é possível continuar a ignorar este grito do povo angolano, que quer ser livre da pobreza, da desigualdade e da ditadura. Cinquenta anos após o 25 de Abril, os portugueses conheceram a liberdade, mas os angolanos ainda não.
Chamo o público à atenção para o facto de estar em curso, em todo o país, uma campanha de detenção de cidadãos dos mais diversos estratos, envolvidos directa e indirectamente em manifestações, greves e actos de depredação.
O que dizer hoje sobre estes dias que andaram?! Como explicar aos que pensavam que chegamos ao fundo do poço, que afinal o fundo encontrou o fundo dele?!
Transcorrida uma semana sobre o caos que estremeceu o país, e muito particularmente Luanda, sobrepõe-se uma pergunta que aparentemente continua sem resposta. O que muita gente questiona essencialmente é se João Lourenço e o seu regime perceberam realmente o que se passou.