"Temos que nos preparar para avançarmos sozinhos, mas dispostos para eventualidade de conversas. Mas essas conversas têm que ter regras, porque já sofremos muito com esta questão da FPU".
A Frente Patriótica Unida (FPU) é uma plataforma política integrada pela UNITA, PRA-JA Servir Angola, Bloco Democrático e membros da sociedade civil. Elegeu 90 deputados nas últimas eleições gerais angolanas.
Em declarações à imprensa, esta semana, António Dembo, vice-presidente do maior partido da oposição angolana disse que a UNITA vai analisar essa questão no próximo congresso.
"Quanto à sua formulação, manutenção para abordagem das eleições de 2027, vai depender dos congressos dos nossos partidos", afirma.
O congresso deste partido poderá ser discutido no próximo sábado (24.05), em reunião.
Possibilidade de continuidade
E o Bloco Democrático respeita e considera "soberana a decisão do PRA-JA Servir Angola tomada no Congresso Constitutivo".
À DW África, Mwata Sebastião, secretário-geral do BD, diz que essa intenção de saída "não condiciona a continuidade, porque a FPU é constituída por três partidos".
"Isso significa dizer que, qualquer decisão que se possa ser tomada entre os membros não deverá beliscar a continuidade da Frente Patriótica", avalia.
Contido, Mwata explica também que um eventual fim da plataforma não será culpa do seu partido, embora acredite que isso não acontecerá.
"Claro que poderá assumir outra forma, poderá assumir outra dinâmica, outra perspetiva de agenda. Mas a Frente Patriótica é para manter", garante.
"Dividir para melhor reinar"
Desde a legalização do PRA-JA Servir Angola, em outubro do ano passado, que se fala sobre o fim da FPU.
Agora, confirma-se a crónica de uma morte anunciada? Ilídio Manuel, jornalista angolano, responde:
"Já era previsível, embora alguns setores duvidassem que haveria rutura. Mas o que é facto é que as coisas acabaram por terminar como terminaram e, de certo modo, isso beneficia o MPLA."
O analista acredita que o MPLA, o partido no poder, "tenha as suas impressões digitais" na "morte" da Frente Patriótica Unida.
"Aliás, ele já tem histórico em desestabilizar os partidos adversários para sua cisão, numa forma dentro daquele princípio 'dividir para melhor reinar", pondera.
Ilídio Manuel lamenta o seu fim antes das eleições gerais de 2027.
"É uma pena. É uma coligação que já conseguiu ganhos no espaço político, mas que, tudo aponta que ela não terá pernas para andar", conclui o jornalista. DW Africa