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Sábado, 22 Janeiro 2022 18:35

Emidio Fernando é criticado após classificar "assustador" o projecto Muangai da UNITA

Há dias, em um debate televisivo, o jornalista angolano, Emidio Fernando, Director da Rádio Essencial, segundo conta, usou o adjectivo "assustador" para classificar o chamado projecto Muangai, criado na fundação da UNITA, tendo sido o suficiente para despertar alguns espíritos que o desafiaram a explicar-se.

Aceite o desafio, Emidio explica que em traços gerais, o projecto Muangai pode-se definir pelos cinco princípios iniciais, nos quais entra a expressão, que ele usa apenas mais tarde, "primeiro os angolanos", adiantando que aqui pode caber tudo e coisa nenhuma como rapidamente Jonas Savimbi o provou.

"E é tão vago que pode albergar a democracia, a ditadura, a tirania e até a loucura como ele também provou. Por partes: as bases de Muangai podem ser as bases de qualquer partido político, do Chile a Tonga. Não conheço um único partido político que não defenda aqueles princípios. Nas frases, é só substituir angolanos por tongueses, ou chilenos, que a receita também serve", avança o jornalista.

Nestes termos, apelou ainda que, quando se fala de Muangai, é bom fazer o contexto histórico, tendo em conta que a UNITA começou a ser formada quando Savimbi ainda era membro do GRAE, de Holden Roberto e, enquanto jurava fidelidade à FNLA, ia juntando as suas forças, altura em que recebeu e defendeu as ideias da UPA/FNLA.

"Antes, Savimbi já tinha tentado, por duas vezes, militar no MPLA e foi rejeitado primeiro por Viriato da Cruz e depois por Lúcio Lara. É bom lembrar que ambos já defendiam, além da independência de Angola, a via marxista-leninista e Viriato da Cruz até tinha criado o PCA (Partido Comunista de Angola). Portanto, nova doutrina de Savimbi", lembra.

A terceira doutrina que o jornalista aponta é a maoista à qual Savimbi vai 'beber' princípios ideológicos e até consegue apoio da China para treinar os seus homens, militar e politicamente, seguindo o caminho da ‘democracia’ chinesa.

Tempos depois, realça, aliou-se aos colonialistas portugueses – sublinhe-se, fascistas e que exploravam desalmadamente angolanos –, estabelecendo um acordo de cooperação, em cujo diploma, fazia parte o compromisso da UNITA em denunciar as bases dos guerrilheiros do MPLA, que estavam na mata a combater os colonos. A ideia de "primeiro os angolanos, depois os angolanos" ganha aqui uma nova ‘nuance’.

"Além de tentar ser primeiro marxista-leninista, depois maoista e até simpatizante do colonialismo (pelo menos, aliado), Savimbi juntava umas ideias, daqui e dali, que iam de Winston Churchill aos ideais de negritude. Cabia tudo. E ele até avisa disso", conta ainda Emidio Fernando.

Nos princípios ideológicos, conforme este, inscreve esta frase extraordinária: "aplicar uma ideologia válida a todas as circunstâncias", que lhe permitiu ao Savimbi, por causa das circunstâncias, aliar-se aos racistas sul-africanos, orgulhosos do seu assassino ‘apartheid’.

"E há outros princípios que não aplicou. Assim foi a teoria. A prática também foi assustadora", relata.

Para o jornalista, no "primeiro os angolanos" não cabiam quem o questionasse, quem tivesse um gesto que não lhe agradasse, quem ele desejasse e não correspondesse, por isso, foram angolanos e angolanas queimados, atirados à fogueira, incluindo crianças, dirigentes da própria UNITA assassinados, perseguidos, presos e humilhados por ele (Savimbi), entre os quais, alguns fundadores.

No seu entender, seria fastidioso e repetitivo estar aqui a lembrar os crimes de Savimbi, até porque a própria UNITA reconheceu publicamente os :erros" (ou alguns dirigentes da UNITA), mesmo havendo quem justifique com o "contexto de guerra", coisa também para caber tudo, como atirar crianças vivas para a fogueira, com a assistência ululante à volta.

"Não sei em que parte é que se pode encaixar aqui o contexto, mas enfim…E tudo isto, com este ‘detalhe’: Savimbi só tinha o poder numa área geográfica, sem governar o país. Imagine-se o que seria se tivesse, de facto, o poder na mão. Seria assustador", considerou Emidio Fernando, acrescentando que, o que é também assustador é esse branqueamento que querem fazer à figura de Savimbi.

Após ter tornado público este facto, inúmeras foram as reacções que inclusive o descrevem como sendo um militante do MPLA, camuflado nas vestes de jornalista, quando houve mesmo quem disse que a intenção deste é incitar ódio e/ou desestabilização no seio das populações.

De salientar que, o deputado da UNITA, Adriano Abel Sapiñala fez, questão de partilhar os 5 pontos que compõem o Projecto Muangai, nomeadamente a  Liberdade e Independência Total para os homens e para a Pátria mãe; Democracia assegurada pelo voto do povo através de vários Partidos político; Soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados, primando sempre pelos interesses dos angolanos; Igualdade de todos angolanos na Pátria do seu nascimentos e, Na busca de soluções económicas, priorizar o campo para beneficiar a cidade.

"Só são mesmo estes 5 pontos e como podem ler não assustam em nada e até hoje são actuais!! Esse programa é o Angola 2030 que foi apresentado em 2017 e agora está a ser actualizado", explicou, o deputado Sapiñala.

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