Desde 2018, altura em que o banco central pôs em marcha a reforma da política cambial, o Kwanza perdeu quatro vezes o seu valor face ao dólar e quase cinco vezes face ao euro, o que significa que as pessoas e as empresas passaram a precisar de mais kwanzas para comprar hoje os mesmos bens e serviços que há dois anos.
A reforma visa, entre outros, acabar com o diferencial entre as taxas de câmbio do mercado formal e informal, ou no mínimo aproximá-las, aumentar participantes no processo de vendas de moeda estrangeira, fazendo com o que o mercado, por si só, estabeleça o equilíbrio entre a procura e a oferta. Visa também introduzir regimes de taxas flutuantes e estabilizar as reservas internacionais líquidas.
Mas só isso não bastava, já que a economia angolana é fortemente dependente do sector petrolífero que atravessa uma crise profunda desde 2014 e tem registado quedas sucessivas nos seus preços de venda no mercado internacional.
De 2018 a Novembro deste ano, o preço médio de venda do barril de petróleo caiu mais de 45 USD.
Assim, e apesar do cabaz de medidas que têm vindo a ser tomadas, as medidas do BNA não conseguiram travar a procura por divisas nas ruas, na banca formal, nem mesmo a descida das Reservas Internacionais Líquidas, o que é explicado, em parte, de acordo com analistas, com o facto de a economia nacional produzir abaixo dos níveis daquilo que consome, além de ter um substancial serviço de divida pública em moeda estrangeira.
"E o facto dos custos das importações estarem a subir com a depreciação cambial, não tem sido razão suficiente para reduzir a procura por divisas. As pessoas precisam de se alimentar e manter o seu padrão de vida. E elas estão dispostas a pagar pelo preço", sublinha o economista Wilson Chimoco.
Estes impactos só não foram sentidos antes, segundo um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), por uma questão eleitoralista, já que o Governo adiou as reformas antes de 2017. Assim, o impacto do fim do regime da taxa fixa teria sido mais suave, admitem especialistas. Expansão