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Segunda, 04 Abril 2016 09:57

Jornal de Angola fala em "cumplicidade criminosa" portuguesa na guerra

O Jornal de Angola volta hoje a criticar Portugal, em editorial, acusando "cumplicidade criminosa" de alguns "setores" na guerra civil que terminou há 14 anos e a atual "incompreensão absurda" portuguesa e europeia.

Sob o título "As lições da História", o diário estatal angolano recorda o 04 de abril de 2002, quando foi assinado o acordo de cessar-fogo no país entre as forças governamentais e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), concluindo quase trinta anos de guerra civil, hoje celebrado como dia da Paz e da Reconciliação Nacional.

==== Artigo na Integra ====

Num dia como hoje, há 14 anos, o Governo e as forças militares da UNITA assinaram o Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka que pôs fim aos dez anos de guerra pós-eleitoral desencadeada pelo traidor Jonas Savimbi ederam origem ao Dia da Paz e da Reconciliação Nacional.

A forma exemplar como decorreu todo o processo, conduzido pelos angolanos e sem ajuda externa, constitui motivo de orgulho em Angola e em África, sendo exemplo para o mundo inteiro.Poucos no mundo inteiro acreditavam que os angolanos fossem capazes de forjar um entendimento que servisse como sustentação à paz, à reconciliação, à estabilidade e ao renascer de Angola. 

A lisura e credibilidade do processo de paz angolano permitiu transformar Angola numa espécie de destino obrigatório para a busca da experiência e consultas por parte de representantes de numerosos países. Internamente, o Governo angolano fez um esforço colossal para retirar o país do estado de degradação em que se encontrava. E com muita humildade, fazendo jus à vocação solidária do país, Angola passou a contribuir para ajudar a pacificar numerosos outros países. 

No conjunto dos esforços feitos para a conquista da paz e da genuína reconciliação nacional, sobressai o papel do Presidente José Eduardo dos Santos, que nas horas mais difíceis soube ser o Presidente de todos os angolanos sem excepção. É inquestionável o sentido de Estado com que geriu todo o processo, colocando os superiores interesses do país e dos angolanos de Cabinda ao Cunene acima de quaisquer outros. Como gerador desse feito histórico quase inatingível, José Eduardo dos Santos é o pai da paz, da reconciliação nacional e da estabilidade em Angola e está a lançar as bases para o desenvolvimento inclusivo e sustentável do país.

O tempo e a História, hoje, dão razão a todos aqueles angolanos que apostaram na paz e na reconciliação nacional. A paz permite aos filhos desta terra encarar o futuro com confiança. Os piores desafios foram vencidos e os angolanos enfrentam as provações actuais seguros de que serão ultrapassadas. 

Há 14 anos o país estava completamente devastado. A guerra lançada após as eleições de 1992 pela UNITA de Jonas Savimbi foi das mais destrutivas que Angola e África alguma vez viram e contou com a cumplidade criminosa de sectores em Portugal e na Europa que preferiam continuar a ter uma Angola fraca a uma Angola igual entre as nações do Mundo. 

O Governo angolano foi obrigado a um recomeço a partir do zero. Estava tudo destruído e a circulação de pessoas e bens, pouco depois do alcance da paz,era uma missão impossível. Muitos não acreditavam que, mesmo com o empenho de todos os angolanos, fosse possível recuperar todas as infra-estruturas destruídas pela guerra. As autoridades angolanas precisavam do cumprimento das promessas feitas pelos doadores internacionais em Bruxelas, mas essas foram-lhes recusadas pelos mesmos que criticam hoje o facto de de Angola querer fazer o seu caminho “sozinha”. Quando as portas são fechadas – como hoje volta a acontecer – como não seguir pela alternativa que sobra, a de caminhar caminhando?

O bloqueio europeu de então não impediu o curso dos acontecimentos. A chantagem e a pressão política de hoje servem apenas para esconder o pior tratamento a refugiados que o mundo já viu e a morte em massa de africanos nas costas da Europa. 

Nos anos que se seguiram à paz em Angola, o Governo teve de pôr em marcha um programa de reconstrução com os seus recursos e com a ajuda da China e essa é a razão por que os efeitos actuais do choque petrolífero são melhor suportados. 

Os ganhos da paz e da estabilidade em Angola são tangíveis. Hoje as atenções estão viradas para o processo de reforço das instituições do Estado democrático de direito e de diversificação económica. Os angolanos estão outra vez a arregaçar as mangas, mas  novamente contam com a incompreensão absurda de Portugal e da União Europeia. Os dirigentes europeus não se coíbem de mentir aos seus próprios povos sobre a realidade angolana e afirmam abertamente que pugnam pelo isolamento internacional do Governo angolano, como se houvesse uma alternativa ao actual poder em Angola que não fosse mais um aventureirismo político.

Era de esperar que os 14 anos de paz, de reconciliação nacional e de estabilidade democrática em Angola servissem de lição aos que ainda desconhecem ou insistem em ignorar as verdadeiras aspirações do povo angolano. Os angolanos são um povo maduro e com uma história honrada e digna. Os angolanos querem continuar a construir um país coeso, democrático e inclusivo, moderno na educação, na saúde, na habitação, na cultura, no desporto e no lazer e respeitado no concerto das nações como eles próprios respeitam os outros povos e seus dirigentes. Esta é a mensagem histórica do entendimento conseguido a 4 de Abril de 2002. 

© Jornal de Angola | Lusa

 

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