A UNITA, o maior partido da oposição em Angola, prepara-se para um momento decisivo com a realização do seu XIV Congresso Ordinário, marcado para os dias 28, 29 e 30 de novembro. Com as eleições gerais previstas para 2027, o partido terá de decidir se mantém o rumo atual ou se aposta numa nova liderança.
O congresso foi convocado pelo presidente Adalberto Costa Júnior, que deverá recandidatar-se ao cargo. A revisão dos estatutos e a eleição do novo líder são os principais pontos da agenda.
Segundo o jornalista angolano José Gama, há uma tendência para a continuidade na liderança do partido, com Costa Júnior a posicionar-se como favorito à sua própria sucessão. No entanto, surgem outros nomes que poderão disputar a presidência.
Possíveis candidatos à liderança
De acordo com o politólogo Agostinho Sicatu, há vários militantes apontados como potenciais candidatos: Rafael Massanga Savimbi, Nelito Ekuikui, Navita Ngolo, Liberty Chiaca e Adriano Sapinala. No entanto, tanto Chiaca, atual líder do grupo parlamentar da UNITA, como Sapinala, secretário provincial em Luanda, já anunciaram publicamente que não irão avançar com candidaturas.
Rafael Massanga Savimbi, filho do fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Jonas Savimbi, tem sido apontado por diversos círculos como possível adversário de Costa Júnior. Embora ainda não tenha confirmado oficialmente a sua candidatura, tem feito declarações públicas que sugerem ambições políticas. Numa publicação recente no Facebook, escreveu: "Ignorar os jovens é trair o futuro."
José Gama considera que Massanga Savimbi se tem posicionado como presidenciável, não necessariamente em oposição à actual direcção, mas com o intuito de contribuir para o futuro do partido.
O regresso de Samakuva?
Isaías Samakuva, que liderou a UNITA durante 16 anos, é outro nome que volta a ser falado. Foi substituído por Costa Júnior em 2019, numa transição que, segundo analistas, provocou divisões internas. Após o anúncio do congresso, vários apoiantes manifestaram nas redes sociais o desejo de ver Samakuva regressar à liderança.
Agostinho Sicatu confirma que, até ao momento, há três nomes disponíveis: Adalberto Costa Júnior, Isaías Samakuva e Rafael Massanga Savimbi. "Qualquer um dos três é um activo importante do partido e reúne os requisitos necessários", sublinha.
Outro nome que poderá surgir é o de José Pedro Katchiungo, que concorreu contra Samakuva em 2011. Embora esteja afastado dos holofotes políticos, Sicatu considera que a preservação da imagem é essencial e que nas próximas semanas poderá haver novidades.
Futuro da Frente Patriótica Unida
Para além da eleição interna, o congresso deverá também debater o futuro da UNITA na Frente Patriótica Unida (FPU), plataforma criada para unir os partidos da oposição contra o MPLA. Após o abandono do projeto pelo PRA-JA Servir Angola, a continuidade da FPU será reavaliada.
"O congresso, com certeza, vai reiterar a continuidade da FPU", afirma José Gama. "A saída do PRA-JA não invalida automaticamente o projeto, e o Bloco Democrático continua alinhado com os princípios que levaram à sua criação."
A FPU não conseguiu alcançar os seus objetivos nas eleições de 2022. A grande questão que se coloca agora é: poderá a oposição angolana apresentar uma frente unida e eficaz em 2027?. DW Africa
