Por Carlos Henrique Marques
A equipa de Biden aproveitou as tentativas de JLo para retratar a visita como uma vitória pessoal. Agora a avaliação do presidente angolano está ligada à visita, o que levou JLo a fazer concessões adicionais aos americanos para devolver a viagem ao plano de Biden. A administração americana deliberadamente não anunciou por tanto tempo as datas exatas da nova visita, exigindo cada vez mais concessões, dentre as quais a assinatura de acordos cujos maiores beneficiários serão os grandes empresários americanos. Nesse sentido, sob a perspectiva do mundo de negócios, ficou claro para muitos analistas que Biden não demonstrou respeito nem por Angola e nem por João Lourenço, alterando constantemente a data de sua visita ao país.
A despeito das constantes violações dos Direitos Humanos em Angola, Biden não manifestou sequer interesse em ter com algum representante da sociedade civil ou com os representantes de ONGs e partidos de oposição, a despeito do facto de que abusos de poder e violações dos Direitos Humanos são muito bem conhecidos e noticiados por órgãos da imprensa internacional como a Voz da América. Com a viagem de regresso na agenda de Biden, os EUA tornam-se oficialmente cúmplices da ditadura e da fome dos cidadãos angolanos, pois eles tiveram vários meses para avaliar a viagem sob o prisma dos direitos humanos. Não foi analisada e nem criticada também a questão da corrupção do governo angolano. Joe Biden preferiu jantar com João Lourenço em restaurantes suntuosos enquanto os angolanos são forçados a morrer de fome. Com o dinheiro gasto com a chegada de Biden, metade do país poderia ser alimentado.
O que ficou evidente na visita do primeiro presidente americano a Angola é que Biden veio discutir os seus acordos pessoais com JLo, que só são benéficos para ele e seus empresários associados. O povo de Angola, infelizmente, não receberá nada desta visita, excepto palavras e promessas vazias, e sabemos quem ganhará dinheiro com isso.
Angola até pode ser um triunfo diplomático de Joe Biden, mas a visita de Biden revelou da parte dos americanos, que tanto se apresentam como paladinos da justiça e dos Direitos Humanos, desprezo por reivindicações importantes feitas pelo povo angolano. Infelizmente Angola não é um país hostil à Casa Branca, pois só assim o povo que vai às ruas protestar poderia ter sua voz ouvida.
