Terça, 22 de Julho de 2025
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Terça, 22 Julho 2025 11:18

Aeroporto de Maputo sem "condições para albergar pessoas" - Gilmário Vemba

O humorista angolano Gilmário Vemba lamentou esta segunda-feira em Lisboa a falta de condições do aeroporto de Maputo "para albergar pessoas", após ter sido obrigado, com outros humoristas, a dormir no chão por alegada falta de visto para entrar em Moçambique.

Vemba falava à imprensa à chegada a Lisboa, proveniente de Maputo, acompanhado dos humoristas Hugo Sousa (Portugal) e Murilo Couto (Brasil), que foram impedidos de entrar em Moçambique por alegada falta de visto para atividades culturais, para o espetáculo que tinham previsto apresentar no domingo.

Questionado sobre como tinham sido tratados no aeroporto de Maputo, Gilmário Vemba respondeu que os três foram alvo de "tratamento desumano".

"Bem, o tratamento foi desumano. Porque o aeroporto de Moçambique não tem condições para albergar pessoas", afirmou, acrescentando que não tiveram alternativa que não fosse dormir no chão.

Gilmário Vemba disse ainda que ficou surpreendido com a alegação de falta de visto, porque em 2024 esteve em Maputo, com o mesmo produtor, nas mesmas condições que as atuais e não houve qualquer problema na entrada.

Questionado se tencionam regressar a Maputo para apresentar o espetáculo, Vemba respondeu que apenas o farão "se houver garantias que nada disto aconteça outra vez".

"Nós andámos um bocadinho por este mundo e obviamente que nós nos preparámos para todos os países que nós fomos para garantir que nada de errado acontece. É uma logística muito grande e não aconteceu em nenhum país, tanto aqui na Europa, nem em Angola, nem em São Tomé, nem em Cabo Verde e não percebemos porquê", adiantou.

Questionado sobre eventuais conotações políticas, o humorista afirmou que essa questão terá de ser colocada ao Governo moçambicano, pois não tem elementos para "afirmar isso".

O político Venâncio Mondlane afirmou hoje que a recusa de entrada em Moçambique do grupo em que se incluía Gilmário Vemba, teve "motivações políticas", por o angolano ser seu "apoiante".

Vemba confirmou que Mondlane se encontra entre os seus amigos moçambicanos e que o político foi um dos que lhe ligaram no domingo para saber o que se passava.

Em declarações à Lusa, um elemento da Showtime, a agência do espetáculo Tons de Comédia, com os humoristas Hugo Sousa, Gilmário Vemba e Murilo Couto, disse que a comitiva chegou ao aeroporto da capital moçambicana às 14:40 locais (13:40 em Lisboa) de domingo, com um espetáculo agendado para as 17:00 (16:00 em Lisboa).

Os artistas "foram abordados por um agente da autoridade, que solicitou os passaportes da comitiva, alegando que lhes seria concedida prioridade devido à proximidade do 'show'", mas, "ao chegarem ao balcão de imigração, o mesmo agente requereu o visto de atividades culturais", acrescentou a fonte.

O diretor-geral do Serviço Nacional de Migração (Senami) moçambicano tinha justificado a recusa de entrada no país aos humoristas por o terem tentado fazer com visto de turismo, quando pretendiam realizar um espetáculo.

"Vieram ao país mas não obedeceram aos critérios pelos quais eles vinham. Porque eles vinham para dar um espetáculo, um 'show'. É uma atividade cultural", disse o diretor-geral, Zainedine Danane, questionado pela Lusa à margem do evento que assinalou hoje os 50 anos do Senami, em Maputo.

À Lusa, fonte da agência do grupo disse que isso não aconteceu, que eles não sabiam que tinham de ter visto de atividades culturais e que assim que foram informados dessa necessidade tentaram obtê-lo no aeroporto, tal como já fizeram em outros países, como Cabo Verde.

Hoje, à chegada, os humoristas lembraram que Angola e Portugal gozam de isenção de visto em Moçambique e que o visto de turista seria uma solução para o grupo poder sair do aeroporto no domingo, até regressar no dia seguinte para embarcar para Portugal, tendo em conta que o espetáculo já tinha sido cancelado.

 

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