Sexta, 26 de Abril de 2024
Follow Us

Quarta, 16 Dezembro 2020 21:19

Manuel Rabelais é sócio de empresa que recebeu apoio do GRECIMA

O ex-director do extinto Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), Manuel Rabelais, foi confrontado, ontem, em tribunal, com o facto de ser sócio da empresa Interactive Multimédia, a quem a instituição emitiu “carta de conforto” para adquirir divisas junto do Banco Nacional de Angola (BNA), cujo somatório terá totalizado cerca de 98 milhões de euros em prejuízos ao Estado.

Interrogado na instância do juiz auxiliar Pedro Fuantoni, na reabertura da audiência de discussão e julgamento, na Câmara Criminal do Tribunal Supremo, por beneficiar de foro especial - secretário do Presidente da República à data dos factos -, Manuel Rabelais respondeu afirmativamente que é sócio da empresa que beneficiou de apoios do GRECIMA ao sector da comunicação.

O GRECIMA tinha apenas dois funcionários, um deles o próprio Manuel Rabelais, mas era uma assistente e colaboradora eventual, Maria do Rosário Pedro de Morais, quem, às vezes, chegava a assinar documentos, até aqueles dirigidos ao BNA, segundo a constatação do juiz Pedro Fuantoni, nos autos.

O juiz questionou Manuel Rabelais se essa prática era correcta. O réu principal do processo que apura responsabilidades no alegado descaminho de 98.141.632 euros ainda insistiu, dizendo que "depende do conteúdo do documento e das circunstâncias” uma colaboradora eventual assinar, mas diante da insistência do magistrado judicial, Manuel Rabelais admitiu que, em relação ao ofício dirigido ao BNA, o procedimento "não foi correcto”.
Mais à vontade nas respostas, ontem, do que nos dias anteriores em que esteve visivelmente nervoso, Manuel Rabelais afirmou que não teve conhecimento quando o GRECIMA foi extinto, no dia 16 de Outubro de 2017.

"Não soube de nada”, afirmou, acrescentando que, ainda assim, entregou toda a documentação para efeito de passagem de pastas, caso viesse a ser criado uma instituição do género, tendo elaborado um relatório detalhado sobre as actividades da instituição sob a sua direcção.

Manuel Rabelais negou que tenha desviado dinheiro do GRECIMA mesmo depois de ser exonerado. "Antes do GRECIMA ser extinto já a conta bancária da instituição tinha sido bloqueada. Só depois é que foi extinta. Logo, era impossível fazer movimentos na conta”, disse.

A audiência de ontem foi dedicada ao interrogatório do réu na instância da sua defesa, depois de já ter acontecido o mesmo em relação à acusação do Ministério Público, que defende os interesses do Estado no processo.
Funcionários do Tribunal iniciam greve
Os funcionários judiciais do Tribunal Supremo cumprem, a partir das 7 horas de hoje, uma greve, para reivindicar melhoria nos salários, anunciou Rafael dos Santos, membro do Sindicato dos Funcionários do Tribunal Supremo, à imprensa, à margem do julgamento do Caso GRECIMA.

A greve, que se estende até o dia 24 deste mês, serve, igualmente, para reivindicar uma equiparação salarial ao do Supremo Tribunal Militar, cujos funcionários, segundo o sindicato, ganham melhor. A greve será realizada em quatro fases, mas os serviços mínimos estão acautelados. Rafael dos Santos adiantou que a adesão é já de 80 por cento.
Não confirma se a greve vai ou não afectar o julgamento em curso, mas receia que o facto de os juízes trabalharem em equipa possa continuar. Segundo o membro da comissão sindical, face ao tipo de trabalho que fazem, que é de risco, "não é justo continuarem a auferirem salários inferiores aos demais órgãos de soberania”.

"Vivemos inúmeras dificuldades e de certeza que qualquer pessoa que disponha de posses e para ganhar vantagem pode corromper-nos facilmente”, disse, acrescentando que os funcionários pretendem evitar isso. Rafael dos Santos salientou que o Sindicato remeteu uma carta ao Presidente da República, mas não obtiveram resposta, tal como da parte da entidade patronal.

Rate this item
(1 Vote)