Paulo de Almeida disse que a comissão de desarmamento da população civil, criada em 2008, está paralisada há dois anos, por dificuldades financeiras.
De acordo com o comandante da polícia angolana, em quase 11 anos foram já recolhidas cerca de 150 mil armas, mas ainda se observa a sua proliferação entre a população.
"Infelizmente, todos os dias recuperam-se armas. Isso varia, entre as dez e as 20 [armas de fogo], em função da nossa operatividade, e acreditamos que ainda há muita arma a proliferar na mão dos cidadãos conotados com a marginalidade", disse Paulo de Almeida em declarações à rádio pública angolana.
O comandante geral da Polícia Nacional referiu que esta situação é preocupante, razão pela qual, sustentou, o programa de desarmamento da população "é bastante importante", devendo ser garantida a sua continuidade.
Questionado sobre a origem destas armas, Paulo de Almeida frisou que tratando-se de armas de guerra, cuja importação pelos cidadãos é proibida, têm como proveniência "ações militares, ações de guerra do passado".
"Algumas escondidas, algumas possuídas ilegalmente ou atribuídas até, que as pessoas ainda as têm, e outras que eventualmente são desviadas por indisciplinados, por pessoas pouco coerentes, dos nossos armeiros, quer sejam militares quer sejam policiais", salientou.
O responsável máximo da Polícia Nacional angolana adiantou que foi solicitado, na revisão da lei penal, um agravamento das penas para a posse ilegal de armas, mas tal não foi atendido.
"Temos que aplicar penas que desencorajam este tipo de comportamento dos cidadãos que ainda querem e persistem em ter armas em sua posse ilegalmente", sublinhou.
Relativamente à criminalidade no país, o comandante geral da Polícia angolana comentou que "continua na mesma", mas admitiu que casos mediáticos, como a morte a tiro, segunda-feira, de um ex-atleta da seleção angolana de futebol, causem um alarme entre a população.
"Não há um elevar da situação. Ontem [segunda-feira] foi um assunto mediático, um atleta bastante conhecido e isso dá sempre a sensação de aumento da insegurança, mas esses atos vão acontecendo. Os órgãos de investigação vão ter que trabalhar para ver o que é que se passa, não há uma omnipotência de a polícia estar em todo o lado e em todo o momento presente em todos os sítios", referiu.
"Os atos de criminalidade mantêm-se nos mesmos padrões, com o índice de certa forma preocupante", acrescentou.