O Plano Estratégico de Turismo (2024-27) visa expandir o fluxo de visitantes, aumentar a contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) e posicionar o país como um destino competitivo em África.
Aumentar as ambições
De acordo com os responsáveis presentes no lançamento público em Luanda, o plano visa construir um sector turístico mais forte através da formação, melhorias nas infra-estruturas, inovação e comunicação. A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Promoção Turística (PLANATUR) e procura criar um quadro que possa aumentar a contribuição do turismo para o PIB, dos níveis insignificantes actuais (estimados em apenas 0,01% nos últimos anos) para uma quota mais significativa.
Até 2050, a visão do Governo é elevar as chegadas internacionais para dois milhões de visitantes por ano, o que exigiria um crescimento anual constante de cerca de 4%.
Prioridades estratégicas
O plano assenta em quatro pilares:
– Formação: Desenvolvimento de competências entre os agentes culturais e turísticos.
– Comunicação: Expansão da promoção através do marketing digital, eventos e campanhas internacionais de branding (estratégias de marketing criadas por empresas, organizações ou até países para construir, fortalecer ou reposicionar a imagem de uma marca).
– Planeamento: Desenvolvimento de zonas turísticas integradas em províncias de elevado potencial.
– Reclassificação: Modernização das infra – estruturas existentes e alinhamento dos serviços com os padrões internacionais.
– Oito províncias foram identificadas como prioritárias para o desenvolvimento: Benguela, Luanda, Cuando Cubango, Cuanza Norte, Malanje, Namibe, Huíla e Zaire.
Infra – estrutura e segurança
Um desafio recorrente no sector do turismo em Angola tem sido a infra-estrutura e o acesso. Os líderes do sector salientam que melhorar a segurança não se resume apenas ao policiamento, mas também à oferta de garantias aos turistas — incluindo estradas bem iluminadas, postos de abastecimento fiáveis e acesso a serviços bancários e financeiros nas áreas de destino.
Melhores ligações aéreas e regimes de vistos simplificados também fazem parte da estratégia do Executivo, uma vez que Angola procura tornar-se mais atraente para os visitantes regionais e internacionais.
Perspectivas de investimento
O Governo sinalizou que irá injectar um financiamento significativo no turismo até 2027, com valores em torno de 3 mil milhões de dólares mencionados por autoridades locais, embora as alocações detalhadas permaneçam menos claras. Espera-se que o investimento tenha como alvo a reabilitação de infra-estruturas, serviços de hospitalidade e inovação digital.
A participação do sector privado será essencial. A Associação Angolana de Hotéis e Resorts enfatizou que, para atingir as metas ambiciosas do Governo, são necessárias parcerias, formação em todos os níveis e cadeias de abastecimento locais fortes para garantir um crescimento sustentável.
O Plano Estratégico de Turismo angolano representa um passo crítico na transição da economia para além dos hidrocarbonetos. As metas são ambiciosas, mas a combinação de investimento em infra-estruturas, promoção digital e reforma institucional fornece uma estrutura para uma transformação gradual.
Se for bem-sucedido, o país poderá transformar o seu vasto património cultural, beleza natural e recursos costeiros num motor de emprego, divisas e crescimento inclusivo. A mensagem de Luanda é clara: o turismo já não é um sector marginal – faz parte da estratégia de longo prazo do país para a resiliência económica.
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