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Segunda, 08 Fevereiro 2021 20:21

UNITA denuncia “ataques xenófobos e racistas” do MPLA

A UNITA, principal partido da oposição em Angola, classifica de “ataques xenófobos e racistas” o conteúdo do comunicado do Bureau Político do MPLA, no poder, sobre os confrontos mortais do passado 30 de Janeiro no Cafunfo, na província da Lunda Norte.

O partido considera de baixaria os supostos ataques à figura do seu presidente e lembra que, devido ao conflito armado, muitos dirigentes, incluindo personalidades do partido governante, viram-se forçados a obter duas ou mais nacionalidades, como aconteceu com Adalberto Costa Júnior, que, prontamente, renunciou a sua segunda cidadania.

O documento lido pelo porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, minimiza os ataques do MPLA e encoraja os angolanos a continuarem a reivindicar pelos seus direitos.

“O comunicado do Bureau Político do partido que governa não fez senão destilar ódio, semear discórdias, desviando as atenções da opinião pública nacional e internacional. O Comité Permanente da Comissão Política conclui que o mesmo reflecte algum nervosismo resultante da extrema exposição causada pela incapacidade de atender as aspirações dos cidadãos e pelo massacre de Cafunfo levado a cabo pelas forças de defesa e segurança, cujas ordens partiram de membros com assento nesse Bureau Político”, lê-se no comunicado da UNITA, que “entende que não é insinuando racismo e xenofobia, nem destilando raiva contra o líder do maior partido na oposição que se resolvem os problemas de Angola”.

O partido fundado por Jonas Savimbi, apela, por isso, “às famílias angolanas, às Igrejas e à sociedade em geral, a não se deixarem levar por essa onda que procura distrair os angolanos e impedi-los de buscar os caminhos para o progresso e bem-estar de todos”.

O comunicado afirma observar “a utilização abusiva dos órgãos de comunicação social sob controlo do Executivo, que assumiram invariavelmente o papel de juízes, condenando os manifestantes de Cafunfo, com base única nas declarações parciais do ministro do Interior e do comandante geral da Polícia, bem como a propaganda baixa e os ataques despropositados e mentirosos que são levados a cabo contra a UNITA e a sua direcção, muito particularmente o seu presidente, Adalberto Costa Júnior, esquecendo o princípio do contraditório, regra basilar de um verdadeiro jornalismo sério, isento e comprometido com a verdade dos factos”.

A UNITA diz não aceitar “ser transformada em bode expiatório dos problemas de desgovernação do regime, nem da incapacidade congregadora do Presidente da República João Lourenço” e reitera “o seu compromisso com a liberdade do povo angolano e reafirma a sua predisposição para o diálogo com as instituições do Estado para se reverter o actual quadro e abrir caminho para um futuro airoso para os angolanos na sua pátria comum e apela a todos angolanos a manteremse calmos e serenos.

No mesmo comunicado a UNITA congratulou-se com as igrejas que prontamente denunciaram os massacres no Cafunfo, “assumindo uma postura de elevação moral e ética, sem quaisquer reservas”.

A nota do partido

No comunicado divulgado no fim de semana, o Bureau Político do MPLA diz defender “uma Angola onde os eleitores não sejam surpreendidos com líderes políticos sem escrúpulos, que afinal são cidadãos estrangeiros e por isso executam uma agenda política contrária aos interesses de Angola e dos angolanos”,

As baterias do partido que governa dirigiram-se igualmente contra todas as entidades que atribuíram os tumultos de Cafunfo a alegadas consequências das assimetrias regionais, tendo defendido que a correcção desse fenómeno não pode justifica r“o recurso à acção armada contra o poder instituído”.

Na nota, o MPLA apela aos jovens “a abraçar as causas nobres que têm a ver com a sua superação cultural, formação académica e profissional e a sua inserção na sociedade e advertiu que da arruaça não virá nunca o pão, o emprego, a habitação, o bem-estar das vossas famílias”.

Os confrontos em Cafunfo, entre forças de segurança e cerca de 300 manifestantes convocados pelo Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe para pedir um diálogo com o Governo sobre a pobreza na rica aldeia em minérios, terminou com um saldo de mortes que vai de seis, segundo as autoridades a 27, de acordo com fontes independentes.

A Amnistia Internacional afirmou ter confirmado 10 mortes e muitos desaparecidos. VOA

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