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Quinta, 24 Dezembro 2020 21:10

O Mirex é um fracasso: Más decisões, nomeações por conveniência e incompetência dos diplomatas

A prática é o critério da verdade e nisso o MIREX está demonstrando acções que estão atingindo dimensões alarmantes, situações preocupantes e graves, porque tudo que faz mostra apenas o caminho que vai em direcção ao fracasso diplomático, basta vermos e analisarmos com atenção o modo como funcionam as nossas estruturas diplomáticas.

A falta de liderança no MIREX coloca em risco uma série de decisões que a muito deveriam ser tomadas em prol do bem da nossa política externa, ainda é visível uma grande incapacidade projectual e programática por parte da Administração do MIREX no seu todo, más decisões são tomadas o tempo todo.

A maioria parte dos diplomatas angolanos são impreparados diplomaticamente e academicamente não qualificados, um e outro com bastante esforço fazem bem o seu trabalho; é evidente o baixo nível intelectual e de competência. Como digo sempre e repito: os nossos agentes diplomáticos parecem mais turistas do que diplomatas, não têm projectos de mandato, nem de longe interessam-se em deixar um bom legado em benefício de Angola no estrangeiro, vejam o Cônsul Geral de Angola no Rio de Janeiro (Brasil) o Sr. Mateus de Sá Miranda Neto, é um diplomata que está mais preocupado com questões pessoais e privadas do que em socorrer as necessidades da comunidade angolana naquele estado, é um Senhor que saiu da categoria de Terceiro Secretário para Embaixador, é alguém que não tem dinâmica de trabalho, não tem visão nem estratégias diplomáticas.

Em base ao artigo 29.° do Estatuto Orgânico do Ministério das Relações Exteriores de Angola, as categorias diplomáticas são: 7) Adido; 6) Terceiro Secretário; 5) Segundo Secretário; 4) Primeiro Secretário; 3) Conselheiro; 2) Ministro Conselheiro; e 1) Embaixador. Este mesmo artigo 29.° faz também menção às categorias consulares: 4) Agente Consular; 3) Vice-cônsul; 2) Cônsul; e 1) Cônsul Geral.

Mas o que o MIREX faz nem mesmo alguém privo de intelectualidade seria capaz de fazer, o diplomata Mateus de Sá Miranda saiu de Terceiro Secretário directamente para Embaixador, vejam os demais Ex governadores e Ex ministros em fim de carreira, de forma anárquica e irracional são nomeados embaixadores ou cônsules gerais. O mesmo acontece com generais e tantos outros militares, mesmo sem entenderem nada de diplomacia são acomodados nas embaixadas. São problemas como estes que lesam gravemente a nossa política externa, por isso a diplomacia angolana é sem sombras de dúvidas um fracasso.

As nomeações executadas pelo MIREX não obedecem ao critério da «Meritocracia», são nomeações por conveniência, são nomeações que alguém altamente qualificado em Diplomacia jamais consegue entender. Se recapitularmos o despacho n.° 867/2020 de 04 de Novembro, segundo o qual nomearam a Sra. Marina de Almeida como Adida de imprensa para Representar Angola Junto ao Escritório das Nações Unidas em Genebra (Suíça), fica claro que a Direcção dos Recursos Humanos do MIREX toma decisões político-diplomáticas de forma precipitada e emocional, colocando em frente o factor familiarismo, o factor nepotismo ou tráfico de influências, até pode ser que Sua Excelência Adão de Almeida não tenha nada a ver com a nomeação da sua prima, mas o factor «parentesco» pode sim influenciar de forma significativa nessas tristes decisões irracionais vindas do MIREX.

A Sra. Marina trabalhou de facto como colaboradora na Rádio Nacional, isso é verdade, mas está desvinculada da Rádio Nacional faz muito tempo, mas seja como for, uma coisa é fazer jornalismo numa Rádio ou numa TV outra coisa é exercer função de Adida de imprensa numa instituição diplomática ou numa organização internacional. De qualquer forma está mais que claro que a Administração Geral do MIREX está muito longe de entender a diferença que existe entre um jornalista de TV (TPA, ZAP News, Zimbo, Palanca), um jornalista de Rádio (MFM, Nacional, Rádio 5) e um jornalista de tipo político-diplomático.

Numa estrutura diplomática quando se fala de imprensa ou de jornalismo aquilo que se exige ali são conhecimentos profundos sobre comunicação no campo político-diplomática. Estudei comunicação política tive 20/20 (não estou a pedir pra ser adido de imprensa), aí as exigências são outras e obedecem a uma articulação completamente política, acompanhada de princípios e regras diplomáticas de alto nível. A língua (inglês ou francês) é muito importante, mas não é o factor determinante para a promoção de alguém, porque isso de língua podes aprender em 2 ou 3 meses (depende do empenho da pessoa), o factor determinante é mesmo a competência em si, ou seja, a bagagem de conhecimento intelectual e formativo em volta do cargo na qual a pessoa ocupa ou na qual foi promovida. A competência (meritocracia) é também sinônimo de desenvolvimento.

Esta nomeação da Prima do Ministro de Estado Adão de Almeida, foi e é um acto não bem racionalizado, e por mais que a indicação de Adida de imprensa é um acto que provém directamente do Ministério das Telecomunicações, o MIREX tem a faculdade de questionar as habilidades, as qualificações académicas e formativas e competências dos respectivos candidatos, mas não o faz porque o próprio MIREX também nunca funcionou bem, o MIREX é um dos Ministérios que tem problemas de organização e de gestão muito a cima da média.

O MIREX é o meu «osso de estimação» ao mesmo tempo é o meu grande pesadelo, as vezes nem consigo dormir de tanto pensar na sua desordem, e é admirável o número elevado de diplomatas incompetentes dentro da nossa diplomacia, a falta de patriotismo é também um problema a se ter em conta, vejam o Adido de imprensa da Embaixada de Angola em Portugal é um português (o Sr. Victor Manuel Branco Silva Carvalho) em vez de ser um angolano, como isso é possível? Até quando iremos ignorar e desprezar o próprio quadro angolano? Será que nas Missões diplomáticas portuguesas também tem angolanos que ocupam posições de Adidos ou de Terceiros secretários?

Esse tipo de actos e de más decisões só acontecem no MIREX, a incompetência do MIREX é tão grande que está quase atingindo o Céu. Com tantos jornalistas angolanos residentes em Portugal tal como: Carlos Gonçalves, Gabriel Niva, Paulo de Jesus, Gabriel Baguet, e tantos outros angolanos qualificados na matéria, foram logo colocar como Adido de imprensa da nossa Embaixada em Portugal um português sem nacionalidade angolana, isto é, na verdade um atentado à Nação, é o cúmulo do fanatismo e da ignorância por parte do MIREX, e falta de amor ao nosso próprio povo.

Estamos perdidos diplomaticamente, o MIREX é um investimento sem retorno (lucros), investimentos desse tipo em economia são chamados de investimentos não racionalizados, eu chamo isso de investimentos inúteis porque ninguém investe pra perder, e os diplomatas angolanos praticamente não ajudam em nada para mudarem o quadro triste da nossa diplomacia, são diplomatas mais parados do que a estátua do Agostinho Neto lá na Praça do 1° de Maio, são diplomatas que estão dispostos apenas a gastar os dinheiros que saem dos cofres do Estado, vejam a Senhora Stela Santiago Cônsul Geral de Angola em São Paulo (Brasil), é uma Senhora super arrogante, o seu nível de arrogância é igual a sua incompetência, é uma diplomata que está muito longe de entender o que é a diplomacia, é uma diplomata sem diplomacia, foi promovida por conveniência à este cargo, é de tamanha incompetência que não se percebe o porquê que ela ainda continua aí nesse consulado geral.

Essa Cônsul Geral tentou mandar prender uma funcionária do seu consulado (angolana do recrutamento central) por ter denunciado e mostrado o seu descontentamento nas redes sociais pelos maus tratos por parte desta mesma Cônsul, essa Senhora Stela pediu a polícia do consulado para que prendessem a funcionária, sem ter a mínima noção de que as convenções de Viena (de 1961 e de 1963) proíbem detenções de funcionários diplomáticos e consulares. Mas essa triste Cônsul Geral não entende nada disso, entende muito pouco sobre diplomacia, é claro que a funcionária não foi detida porque goza de imunidades consulares. Tratarei melhor deste assunto quando escrever sobre a Embaixada de Angola no Brasil, na verdade falarei das embaixadas de Angola no Exterior, falarei sobre cada embaixada angolana e tudo que acontece lá.

O MIREX está de patas pro o ar, não há projecto, ninguém na direcção do MIREX tem coragem de fazer reformas sérias, estão todos encurralados, por isso é que digo sempre que o Presidente da República precisa apostar nos jovens, essa coisa de termos embaixadores a cima dos 65 e 70 anos só atrasa a nossa diplomacia, precisamos de embaixadores e diplomatas jovens e com visão progressiva. 

O.B.S: Em Janeiro irei publicar uma matéria que fala sobre os Ministros conselheiros e sobre  os Adidos militares, muita coisa sobre o MIREX ainda vem por aí.

Eu e a Diplomacia a Diplomacia e Eu

Por Leonardo Quarenta – O Diplomata

Doutorando em Direito Constitucional e Internacional

Mestrado em Relações Internacionais e Diplomacia

Master em Direitos Humanos e Competências Internacionais

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