O Governo angolano e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimam que a economia volte a crescer este ano, em torno de 1%, depois de dois anos de contração económica.
Em dezembro, depois da última missão ao país, o FMI piorou a estimativa económica para 2019 e 2020. Se inicialmente previa uma ligeira recuperação económica no conjunto do ano passado (em 0,3%), agora a estimativa é que a economia tenha encolhido 1,1%. Já em 2018 o PIB de Angola tinha recuado 1,2%.
No entanto, o FMI antecipa que a economia angolana comece a recuperar este ano, antevendo que cresça 1,2%. Embora continue a prever uma variação positiva, a estimativa mais recente do Fundo, que está a acompanhar o país desde 2018 e tem como objetivo tornar a economia angolana menos dependente do petróleo, foi revista fortemente em baixa. Anteriormente, a missão do FMI antecipava que Angola crescesse 2,8%.
Perante estes números, o Governo diz que está a analisar as estatísticas de 2019 e a refinar a programação para 2020, o que permitirá uma melhor avaliação da previsão de 1,8% que mantém para este ano para a variação do PIB.
Com o desemprego a rondar 30% da população ativa, a inflação nos 20% e a dívida próxima dos 100% do PIB (a estimativa do Fundo é que em 2020 fique nos 102% do PIB angolano), a equipa de missão admite que persistem "riscos significativos" de revisão em baixa das previsões económicas. Em causa está sobretudo devido a volatilidade dos preços do petróleo, tensões comerciais globais, aumentos rápidos no rácio da dívida face ao PIB, entre outros.
"Apesar do progresso notável continuam a existir grandes desafios. A estabilização da economia é o objetivo principal", afirma o chefe da missão a Angola. "O Governo vai precisar de encontrar formas de suavizar os impactos da transição [para uma economia menos dependente do petróleo] para os mais vulneráveis", defende Mário de Zamaróczy.
Fim do subsídio aos combustível compensado
Para o início de 2020 está prevista a retirada do subsídio aos derivados de petróleo continua, que continua a ser estudada pelo Governo de Angola.
De acordo com a agência financeira Bloomberg, os subsídios têm aumentado a pressão sobre o orçamento, estimando-se que tenham custado cerca de 343 milhões de euros em 2019. No entanto, o fim deste subsídio só será aplicado em simultâneo com um programa de transferências sociais para as famílias mais vulneráveis, que deve atingir um milhão de famílias até meados deste ano.