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Quarta, 28 Outubro 2015 20:21

Activistas dizem não odiar Presidente José Eduardo dos Santos

Os activistas detidos na cadeia de São Paulo pedem em carta tornada pública para a população angolana perdoar o Presidente José Eduardo dos Santos pela situação carcerária em que se encontram.

Os activistas dizem que já “fomos condenados publicamente pelo regime de José Eduardo dos Santos”, mas, mesmo assim, dizem não odiarem "o Presidente da República nem aqueles que executaram a trama urdida contra nós".

"O perdão é o melhor caminho” lê-se na carta subscrita por Nuno Álvaro Dala com o consenso dos 13 activistas detidos do Hospital-Prisão de São Paulo.

Albano Bingobingo, por exemplo, está com graves infeções pulmonares e sem assistência médica e muitos deles dizem ter sido torturados.

As visitas são restringidas, como disse à VOA Fenando Baptista, pai de Nito Alves.

Entretanto, o secretário do MPLA para Mobilização Urbana em Luanda, Bento dos Santos “Kangamba” reage e afirma que José Eduardo dos Santos não tem nada a ver com o caso dos 15 activistas, "mas sim com a justiça”.

O general e membro do Comité Central garante também que o caso em nada vai sujar a imagem do Governo fora ou dentro do país, e acusa a oposição "de se aproveitar as acções dos jovens para fazer espetáculo".

Kangamba considera ainda que este caso deve servir de exemplo para que as famílias não deixem os seus filhos entrarem na política muito cedo.

Recorde-se que o caso dos activistas tem chamado a atenção da opinião pública nacional e internacional.

O julgamento dos mesmos está marcado para decorrer de 16 a 20 de Novembro.

Libertar os detidos como em 1980

Ainda a polémica se José Eduardo dos Santos pode, ou não, ordenar a soltura dos 15 jovens acusados de actos preparatórios contra a segurança do Estado.

Duas correntes de opinião existem, uns defendem que o Presidente da República não deve se imiscuir nos assuntos da justiça; outros pensam que o chefe de Estado angolano pode, e deve, sim mandar soltar os jovens detidos que já recorreram a greve de fome, uma prática que já aconteceu em Angola em 1980, quando sete jovens foram presos também acusados de atentarem contra o Estado e na altura, lembra o advogado Luís do Nascimento, José Eduardo dos Santos havia ordenado a soltura dos sete jovens.

Segundo Luís do Nascimento no ano de 1980, tempo do partido único, sete jovens presos igualmente por delito de opinião, depois de 28 dias de greve de fome, conseguiram que o actual Presidente da República os perdoasse.

"Em 1980 um grupo de sete jovens que tinham sido detidos, lutaram pela sua libertação utilizando a greve de fome, um acto que foi histórico porque era a primeira república, regime de partido único, os jovens depois de 28 dias de greve de fome conseguiram ser transferidos para o hospital militar, com garantia de saírem do hospital para casa, eram também jovens acusados de delitos de opinião, muitos estão aí em vida".

"O Presidente tomou a medida de os libertar porque os jovens grevistas tinham colocado a questão ao ministro do Interior de então, Rodrigues Kito, que no princípio dizia que não podia fazer nada mas depois pela intransigência dos jovens presos foi pedir ordens superiores ao Presidente da República e conseguiu a autorização".

"Devem tirar ilação sobretudo sua excelência o Presidente da República e tomar a atitude que naquela altura tomou que foi libertar os sete jovens", defendeu Nascimento.

Nesta altura Luaty Beirão e companheiros já não se encontram em greve de fome e aguardam presos, pelo julgamento que começa a 16 do mês que vem.

Voanews

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