Angola e África do Sul estão entre os 14 países hoje eleitos para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) para um mandato de três anos, com início em 01 de janeiro de 2026. Angola, Chile, Equador, Egito, Estónia, Índia, Iraque, Itália, Maurícias, Paquistão, Eslovénia, África do Sul, Reino Unido e Vietname foram os Estados-membros da ONU hoje eleitos pela Assembleia-Geral das Nações Unidas para o mandato 2026-2028.
Cinco organizações cívicas angolanas apelaram ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para que crie “imediatamente” uma missão independente para investigar o “massacre” ocorrido em Angola entre 28 e 30 de julho de 2025, durante a greve dos taxistas.
O Partido Socialista e a Iniciativa Liberal defenderam hoje, na comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros, que o Governo português deve ter uma ação diplomática mais firme com Angola face a questões sobre o respeito pelos direitos humanos.
A proposta, apresentada pelo partido Iniciativa Liberal (IL), recomenda ao Governo que acompanhe a situação dos direitos humanos e liberdades fundamentais em Angola, tendo a deputada Catarina Louro, do Partido Socialista (PS), afirmado que a defesa dos direitos humanos naquele país africano lusófono tem de se impor através de um diálogo construtivo, com uma ação diplomática mais firme.
O deputado Rodrigo Saraiva, da IL, declarou concordar com a necessidade de uma "ação diplomática mais firme" e reforçou que o partido tem estado a acompanhar "tudo o que tem acontecido em Angola".
O deputado Paulo Neves, do Partido Social Democrata (PSD), declarou que o Governo português acompanha, com proximidade, tudo o que se passa em Angola, ressalvando, contudo, que há matérias que, devido à sua delicadeza, "exigem discrição" do executivo.
Paulo Neves admitiu que pode existir uma postura diferente entre o Governo, que deve ser mais minucioso, e o parlamento.
O presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros, o social-democrata José Cesário, salientou que a votação desta proposta será feita em plenário. Angola registou um "cenário alarmante" de prisões arbitrárias, repressão de manifestações pacíficas, violência física e psicológica contra cidadãos e ativistas indefesos e expropriação de bens nos primeiros três meses de 2025, segundo um relatório de várias organizações, noticiou a Lusa em 09 de setembro.
Segundo o Relatório Trimestral sobre Violações dos Direitos Humanos em Angola, de janeiro a março de 2025, elaborado pelo Movimento Cívico Mudei, através das organizações Mizangala Tu Yenu Kupolo e Associação Cívica Handeka - Organizações Não-Governamentais (ONG) angolanas -, o país registou várias práticas lesivas aos direitos humanos.
Baseado em dados recolhidos nas províncias angolanas de Cabinda, Malanje, Uíje, Luanda, Bengo e Cuanza Sul, o relatório de 25 páginas "evidencia, de forma inequívoca, um padrão alarmante de violações dos direitos humanos em Angola, destacando-se pela gravidade de atos arbitrários".
Por seu turno, em 21 de setembro, académicos e ativistas declararam que a elite política e económica portuguesa tem ajudado Angola a manter-se como um Estado "cleptocrático", numa relação alimentada pelo lucro e que tem enfraquecido a democratização do país.
O debate 'online', promovido pelo Observatório da Imprensa Angolana, tinha como tema "o papel da elite política e económica portuguesa na manutenção e continuidade da ditadura em Angola".
Para a socióloga e jornalista Luzia Moniz, "existe uma vassalagem do poder angolano em relação ao poder português", em particular "uma ascendência" de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o seu homólogo angolano, João Lourenço.
Angola registou um “cenário alarmante” de prisões arbitrárias, repressão de manifestações pacíficas, violência física e psicológica contra cidadãos e ativistas indefesos e expropriação de bens nos primeiros três meses de 2025, segundo um relatório de várias organizações.
Relatório do Departamento de Estado dos EUA acusa Angola de mortes arbitrárias, detenções ilegais e censura à imprensa, em 2024. Mas o ativista Florindo Chivucute diz que a situação piorou de lá para cá.