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Segunda, 27 Mai 2024 19:11

Alunos angolanos aprendem em oito anos de escola apenas metade do tempo

Os alunos angolanos aprendem em oito anos de escolaridade apenas o equivalente a terem apenas três ou quatro anos de escola, disse hoje um responsável angolano, associando problemas na aprendizagem a fatores como as dificuldades de mobilidade.

Diasala Jacinto André, diretor geral do Instituto de Avaliação e de Desenvolvimento da Educação, apontou alguns desafios da educação nas zonas mais recônditas de Angola, durante um encontro sobre mobilidade de professores e alunos que hoje decorreu no Cuíto, província angolana do Bié.

Desistências e abandono escolar, incumprimento de programas, fadiga e absentismo são algumas das consequências para alunos e professores no acesso à educação, sobretudo em zonas rurais.

O responsável indicou que um “aluno angolano aprende, em oito anos de escolaridade, apenas três ou quatro anos”, citando dados do Banco Mundial e realçando que há fatores objetivos que influenciam na qualidade de aprendizagem, entre os quais as distâncias e a falta de transportes.

“Temos evidências de atraso na aprendizagem, baixo níveis de literacia e numeracia dos nossos alunos no ensino primário e estamos a atender essas preocupações no quadro do projeto Aprendizagem para Todos, financiado pelo Banco Mundial, que consiste em suprir competências pedagógicas dos professores”, adiantou, salientando que os problemas foram agravados depois da pandemia da Covid-19.

A taxa de analfabetismo em Angola está próxima dos 30% e estima-se que cerca de dois milhões de crianças estejam fora do sistema de ensino em Angola.

Segundo o ultimo anuário estatístico da educação 2021/2022 estavam em funcionamento em Angola 14.157 escolas, das quais 10.128 públicas, e estavam matriculados cerca de 8,5 milhões de alunos, num universo superior a 30 milhões de habitantes, em que 45% da população tem menos de 15 anos.

Nelson Cacungula, diretor municipal de educação do Cuíto, apontou outros problemas que incidem no processo educativo nas zonas rurais, além da distância entre as escolas e as aldeias, salientando que em muitos casos as crianças fazem parte da atividade agrícola, que é vista como prioritária em detrimento da escolarização.

A falta de transportes públicos eficiente e acessível, num município vasto com muitas escolas localizadas em áreas remotas, aumenta também o tempo e custos de deslocação dos professores, que nem sempre têm meios financeiros para pagar os custos de transportes o que afeta a sua assiduidade e qualidade do ensino, notou igualmente o diretor municipal dos Transportes, Tráfego e Mobilidade, Zeferino Cândido Tomás.

A população do Bié está estimada em 1,8 milhões de habitantes e cerca de um terço são estudantes do ensino primário e do primeiro ciclo.

A conferência foi organizada pelo centro de estudos Ufolo em parceria com a Fundaçao Ulwazi, ministério da Educação e governo provincial do Cuíto, com o objetivo de discutir soluções logísticas e educativas para crianças residentes em comunidades longínquas.

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