Quando o OPAÍS noticiou pela primeira vez este caso, na sua edição de 03 de Novembro de 2014, a menina Laurinda Capumo Vitungayala, que nasceu a 11 de Março de 2009, tinha cinco anos de idade. A menina tinha declarado que chegou a falar com o pai para não voltar mais à escola porque tudo o que o professor falava, ela já sabia, por isso achava que estava a perder tempo. Embora a imprensa a tenha conhecido um pouquinho mais tarde, a menina superdotada do Huambo, que nasceu no bairro Calilongue II, zona de São Pedro, começou a mostrar a sua sabedoria fora do normal a partir dos dois anos de idade, como nos conta o pai, que terá recebido uma notificação de um vizinho alegando que encontroua a ler um livro.
O pai, admirado, perguntou a Laurinda se sabia o que estava ler e esta respondeu positivamente, tendo acrescentado que não custava nada e poderia mostrar. O pai, naquele momento, e porque estava rodeado de pessoas que queriam ver Laurinda, foi aconselhado a levá-la à rádio. Na rádio, quando o pai lhe instruía que tinha de ler o livro, Laurinda disse que não vai mais ler, e sim falar, pois já tinha toda a informação do livro memorizada. “Ela falou tudo que estava no livro, tal e qual, sem errar nada, que até sentime arrepiado”, recorda o pai.
Foi à rádio, à televisão e depois de ter sido noticiada pelo jornal OPAÍS recebeu a proposta de um casal, em Luanda, de viver na capital e pô-la a estudar na Escola Portuguesa. Laurinda estudou dois anos naquela escola, tendo regressado com sete anos, porque o casal tinha conseguido uma proposta de trabalho que lhes da va mais tempo de ficar fora, que dentro do país. O regresso de Laurinda ao Huambo foi complicado, pois a menina começou a emagrecer, sem razão plausível. Foram feitos exames e não acusava nada. “O senhor Segunda Amões abriu as suas mãos para nós, custeou os exames na Clínica Girassol, mas não acusava nada. Fez a proposta de levar a menina para viver com a sua família na África do Sul, onde goza de boa saúde e estuda a 5ª classe”, sublinhou.
inglês de laurinda “salvou” o pai
Para além de português, Frederico Vitungayala fala umbundu, pelo que nunca passou na sua cabeça que a filha falasse inglês. Lembra que a primeira vez que fez a viagem para a África do Sul, no aeroporto, Frederico precisava urinar e foi preciso a intervenção da filha, que a viu aflito, para que conseguisse ir à casa de banho. Laurinda conversou, em inglês com alguém e explicou a situação do pai.
Os cidadãos sul-africanos, admirados, puseram Laurinda ao meio e foram fazendo-lhe perguntas, inclusive sobre o que come a menina para ter a inteligência fora do normal. Ela respondeu naturalmente. Aquele não é o único episódio em que Laurinda aparece a falar uma língua estrangeira, pois o pai contou-nos um outro, que a menina superdotada falou mandarim com um cidadão chinês, quando a levou para fazer foto numa ‘Kônica’ (estúdio de fotos).
Na África do Sul, Laurinda está sob a tutela de Segunda Amões, que a acompanha e a tem como filha. Por isso, Frederico aproveitou o nosso microfone para agradecer o empresário por tudo que tem feito pela menina. Lamentou o facto de a Nação pouco fazer (apesar das promessas) por alguém que praticamente é tida como um ícone nacional.