Para ter o reconhecimento do PHA, pelo Tribunal Constitucional, Malaquias afirmou ter enfrentado inúmeras dificuldades, com destaque à exigências, segundo esta, estranhas e indeferimento de processos não lidos.
“É estranho mas aconteceu. Mas, depois conseguimos dialogar processualmente dentro dos trâmites do processo dentro do Tribunal Constitucional e ultrapassamos essa barreira, daí o facto de termos sido reconhecidos muito tarde”, denunciou.
Para a presidente do PHA, segundo o que viveu e acompanhou durante o processo, há um excesso de burocracia, de zelo e de formatação a nível dos funcionários do Tribunal Constitucional.
De acordo com Florbela Malaquias, os funcionários daquela instituição criam uma barreira férrea para que os Projectos não avancem, adiantando que houve altura em que reclamavam mas os processos estavam retidos pelos funcionários da secretaria.
Denunciou, no entanto que, todos os funcionários daquela instituição pública são do partido no poder em Angola, MPLA, embora defende que a resolução deste problema não seja necessariamente reformar uma só instituição mas sim uma toda cadeia de instituições que trabalham para um fim.
Questionada sobre o porquê não ingressou num outro partido quando entendeu servir directamente o país, Bela Malaquias disse que não entendeu trabalhar para a política angolana, afirmando que está na política desde que se conhece como pessoa. Assegurou que já esteve no Campo de concentração de São Nicolau com os seus pais (nacionalistas), e que o política é e sempre foi o seu dia-a-dia.
“Eu faço política sem fazer ruído. Não só em Angola, o mundo às vezes entende que fazer política é fazer ruído”, sublinhou.
Fez ainda saber que, para servir Angola, entendeu não ingressar noutro partido porque não se revê a nenhum dos já existentes, os dois principais sobretudo. “Acho que entendi, e aqueles que vieram comigo que era preciso quebrar esse paradigma ou tradicionalismo destes dos partidos de já meio século a operar em Angola sem trazer soluções. Era necessário trazer um outro modelo, uma outra proposta que contrariasse esse status-quo”.
Com relação aos resultados eleitorais definitivos, cujos dados colocaram o PHA em terceiro lugar, com dois assentos no parlamento, Bela Malaquias disse que aceitar os resultados é uma coisa e estar satisfeito também é outra coisa, sublinhando que, quem quer alcançar determinados objectivos não fica satisfeito com pouco.
“O processo foi aquilo que foi e os resultados são sobejamente conhecidos. E nós como estamos aqui para projectar o partido e para trabalhar diferentemente daquilo a que os angolanos estão habituados, nós estamos aqui a trabalhar. Nós aceitamos”, considerou, acrescentando que o seu programa de governação explica taxativamente os desafios que o PHA tem para levar ao parlamento e, consequentemente para o bem do povo angolano.
Assim, diferente das outras formações já existentes, o PHA, de acordo com a líder pretende alterar o modelo de funcionamento das instituições, pois, para si, todas elas estão completamente desumanizadas, não estão voltadas para o ser humano.
Bela Malaquias ressaltou que há muita coisa que ainda não permitiu um decantar total de certas ideologias e filosofias ou formas de sociabilidade em Angola, daí que o PHA pretende trabalhar para criar uma sociedade mais harmoniosa e humana, onde o ser humano seja a preocupação central.
Na ocasião, revelou que não é a primeira mulher mas sim a segunda que concorre às eleições gerais no país, afirmando que o facto de ter sido uma mulher nesta corrida, influenciou o conteúdo do programa do partido, porque as mulheres têm uma visão diferente do mundo.
“Hoje o mundo é masculino. Está tudo programado e projectado à medida do homem. Então, aquilo que é a natureza feminina, o pensar e o ver feminino está apagado e silenciado, apesar de a mulher ser a maioria”, observou, adiantando que a ideia é trazer esta visão do mundo para ocupar o lugar que têm direito, “porém não com exclusividade porque somos mães”.
Salientar que, Florbela Catarina Malaquias é natural do Moxico, município do Luena, licenciada em Direito, advogada e mestranda em ciências jurídicas e empresariais pela Universidade Agostinho Neto, filha de nacionalistas angolanos Mimoso Nelson Malaquias e Amélia Ussova João Malaquias.