O antigo assessor de Jonas Savimbi e militante da UNITA há mais de 40 anos recordou que a informação posta a circular pelo presidente do partido, naquele dia, na província do Uíge, segundo a qual faziase transportar de armas de fogo para o matar, por pouco colocou fim à sua vida, pois estava rodeado de militantes furiosos com a informação.
Temendo por alguma represália contra a sua vida, pois diz continuar a receber ameaças de morte de militantes da UNITA, Rui Galhardo Silva, deu entrada, ontem, na direcção-geral do Serviço de Investigação Criminal (SIC), no Kinaxixe, em Luanda, de uma queixa-crime contra Adalberto Costa Júnior, por tentativa de assassinato.
O militante, de 62 anos, escareceu que pretendia dar entrada da queixa na quarta-feira, mas ponderou, porque tinha esperança de ver sair da conferência de imprensa realizada, naquele dia, pela UNITA, um pedido de desculpa.
“Em relação à conferência de imprensa realizada pela UNITA, tenho a dizer que fiquei muito surpreso pela negativa, pois foi uma fuga para frente, em que Adalberto Costa Júnior nem sequer apareceu, quando o visado é ele”, realçou.
Rui Galhardo negou as acusações avançadas contra si naquela conferência de imprensa e recordou que as que ele fez foram contra Adalberto Costa Júnior e não contra a UNITA, razão pela qual diz não entender que a iniciativa para o processar esteja a partir do partido. “A UNITA não pode assumir os problemas pessoais do seu presidente”, considerou o militante, para quem isto não passa de “medidas dilatórias”.
“Como é que eu ia querer um documento que comprova um aborto sem uma vítima?”, questionou. “Eu tinha é que arranjar uma vítima e não um documento. A história está mal contada”, disse. A uma pergunta se tem provas de que Adalberto Costa Júnior é um pedófilo, como o acusou, na sua recente conferência de imprensa, Rui Galhardo, sem rodeios, respondeu: “a PGR vai ter as provas”.
Rui Galhardo garantiu que as denúncias feitas contra o presidente da UNITA não chegam sequer a dez por cento do que ainda há para depor contra ele. O ex-assessor de Joanas Savimbi pensa fazer outras revelações contra Adalberto Costa Júnior quando ele apresentar a queixa contra si.
“Ele que faça a queixa, para, depois, ver como é que são as coisas”, ameaçou o militante, que espera da acção movida ontem contra o presidente da UNITA uma condenação.
“Ninguém me vai tirar da UNITA”
Galhardo mostrou estar despreocupado com receios de que possa vir a ser expulso da UNITA, por estar a fazer denúncias contra o presidente do partido. “Ninguém me vai tirar de lá. A UNITA é de todos aqueles que se revêem nela. Não é do senhor Adalberto Costa Júnior”, afirmou.
Ressaltou que o lema difundido naquele partido segundo o qual “a UNITA é o Adalberto e este é a UNITA”, não corresponde à verdade. Considerou esta iniciativa o culto de personalidade, sublinhando que a mesma prática não foi, sequer, promovida por Jonas Savimbi. “Ele está a promover o culto de personalidade dentro da UNITA. Isto eu não aceito”, demarcou-se.
A advogada de Rui Galhardo esclareceu escusou-se a adiantar os passos subsequentes do processo, por razões de segredo de justiça. Manuela Mendes garantiu que vai chegar o momento em que vão poder pronunciar-se sobre os factos que pesam sobre Adalberto Costa Júnior.
A causídica referiu que, quando se move um determinado processo-crime contra alguém é porque há alusão de uma norma jurídica ou penal, em função dos factos ou comportamentos da pessoa.
“Se com toda a segurança cá viemos, é porque existem factos susceptíveis de recaírem em determinadas reacções penais sobre as pessoas, especificamente a Adalberto Costa Júnior”, garantiu a advogada, acrescentando estarem outras pessoas arroladas no processo.
Manuela Mendes explicou que a queixa-crime contra Adalberto Costa Júnior foi apresentada na direcção geral do Serviço de Investigação Criminal e não na PGR, como se havia avançado, por ser lá onde funciona a direcção nacional do SIC.
Depois deste passo, disse, o processo será movido para os departamentos competentes. Em função das imunidades de Adalberto Costa Júnior, vaticinou, o mesmo poderá ser encaminhado para a Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP). JA