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Domingo, 01 Dezembro 2019 13:23

UNITA preparada para assumir o passivo histórico, exorta MPLA a fazer o mesmo

O presidente da UNITA diz que o partido está preparado para assumir os seus passivos históricos, exortando o MPLA fazer o mesmo, nomeadamente no que diz respeito ao processo do 27 de maio.

"Temos plena consciência de que Angola formatou-se numa luta muito longa que teve um período de guerra efetiva onde não foram só vitorias, também há passivos que temos de saber assumir com coragem", disse Adalberto da Costa Júnior em entrevista à Agência Lusa.

Mas "dificilmente outros partidos nos acompanham", acrescentou, destacando que a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) tem "uma consciência real daquilo que foi a formatação do país e o processo histórico" que teve de abraçar, precisando de "reconhecer o que foi bom e o que foi menos bom"

Sobre a Comissão para Implementação do Plano de Reconciliação em Memória às Vítimas dos Conflitos Políticos posta em marcha pelo governo angolano, considerou que se trata de uma iniciativa útil.

"Não é difícil identificar o surgimento desta comissão por parte do governo, mas mesmo que a razão tenha sido um pouco forçada é positiva", elogiou, considerando tratar-se de uma abordagem às consequências do 27 de Maio em que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) "nunca conseguiu ser frontal".

Aludindo à "intentona" dentro do próprio regime do MPLA, que causou a morte de um numero indeterminado de angolanos de duas fações opostas, Adalberto da Costa Júnior considerou que este "programa mais amplo" de reconciliação das vítimas dos conflitos "foi a via que o MPLA encontrou para ultrapassar as suas próprias limitações" e não reconhecimento do estado angolano das pessoas que foram mortas neste processo

"Se o MPLA precisa de nós para assumir um pouco o seu próprio processo histórico vamos ajudar. Se na sequência desta comissão tivermos uma Angola mais estável, mais reconciliada, em que as famílias estarão mais tranquilas nós vamos ajudar", garantiu.

Quanto à UNITA "tem dado mostras de saber, quando chamada, abraçar os seus passivos", afirmou: "Já desafiámos os outros movimentos, nomeadamente o estado a abordar estas questões", para um processo de "desanuviamento para o país".

Adalberto da Costa Júnior disse ainda que a UNITA fez um exercício de "muita coragem" ao partir para uma campanha à liderança do partido com cinco candidaturas, algo de "incomum" num ambiente como o de Angola que "não é uma democracia efetiva"

Os próximos desafios passam agora pelas eleições autárquicas agendadas para 2020 e as eleições gerais que vão acontecer em 2022.

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