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Segunda, 28 Setembro 2015 12:55

TAAG em “modo de voo” – Reginaldo Silva

Finalmente e depois de terem surgido as primeiras informações a respeito da parceria TAAG/Emirates, já lá vai mais de um ano, estão em Luanda os Executivos (topo de gama)  que vão mandar a partir de agora na nossa companhia de bandeira, sob o olhar silencioso de quatro administradores angolanos não executivos.

Para quê tantos?!

Fica por saber qual será o espaço de manobra que terá o antigo PCA que será rebaixado para a categoria de PCA-Adjunto do novo boss da TAAG, que é um senhor chamado Peter Hill e que tem no seu especializado CV entre outros contactos profissionais com o mundo da aviação comercial, a direcção como CEO, entre 2008-2011, da Oman Air.

As semelhanças entre TAAG e a Oman Air, fundada no inicio da década de 90, terminam antes de começar propriamente a comparação como empresas do mesmo ramo.

Uma rápida vista de olhos pelo portfólio da Oman Air permite-nos concluir que entre as duas unidades  não há comparação possível, pois são de campeonatos completamente diferentes.

O consultor Peter Hill é, evidentemente, um homem que percebe e muito de gestão de companhias aéreas e de aeroportos, embora ao que consta as coisas não lhe tenham corrido muito bem na parte final da sua relação com a companhia do Sultanato de Oman que se prolongou por 3 anos e seis meses.

Certamente que  terá algum interesse tentar saber, pela informação disponível, o que é que não terá “voado” de feição no relacionamento de Peter Hill com os sultões de Oman em vésperas dele conhecer como é que os “camaradas” de Angola funcionam.

Isto aconteceu, antes dele ser agora contratado pela Emirates para mais esta missão no ar mas com os pés bem assentes em terra e numa terra muito especial que tem as particularidades altamente movediças da nossa, onde o sempre a subir de uns pode ser exactamente o contrário para os outros.

Tal pesquisa ajudar-nos-á a ter uma ideia mais próxima do perfil do primeiro CEO estrangeiro que a TAAG vai ter na sua história de cerca de 40 anos, com todas as turbulências que se conhecem na sua trajectória.

A TAAG tarda efectivamente a ganhar em definitivo a sua  velocidade de cruzeiro como negócio, apesar de todas as reestruturações e refundações por que já passou, sem falar de todas as centenas de milhões de dólares (a fundo perdido) que o Estado angolano já gastou a comprar os seus aviões, sempre tão mal conservados.

A herdeira da DTA que o meu falecido pai ajudou a fundar e onde eu conheci pela primeira vez a velocidade de um “Friendship” rumo à antiga e longínqua cidade de Sá da Bandeira, ainda não conseguiu alcançar o patamar de uma companhia de aviação comercial competitiva.

A TAAG tem-se vindo a manter lá em cima como mais um repartição de estado de prestação de serviços de que todos hoje querem fugir, quando têm a possibilidade de voar na concorrência.

Peter Hill é um homem que tem experiência mais do que suficiente para dar conta de qualquer recado neste domínio e em qualquer parte do mundo, tendo em conta a sua trajectória por várias companhias aéreas do Golfo Pérsico, mas não só.

Desta vez, contudo, Hill pode estar a enfrentar um desafio completamente diferente em matéria de dificuldades, como já aqui o escrevemos da primeira vez que falámos desta pareceria, antes mesmo de se saber quem o Dubai iria enviar até Luanda para ajudar a TAAG a dar volta por cima, bem lá em cima.

Conhecendo nós as especificidades sociológicas do nosso espaço aéreo/terrestre, Peter Hill vai ter mesmo que governar a TAAG em “modo de voo”, que é aquele recurso dos telemóveis/smartphones/ipads que nos permite continuar a usar os aparelhos, mas sem sermos contactados por mais ninguém, nem nós próprios conseguirmos contactar com terceiros.

Como sabemos este modo é obrigatório para quem viaja a bordo de um avião, pois evita interferências, permitindo continuar a disfrutar de algumas facilidades do seu equipamento como ouvir música, ver um filme guardado, escrever um texto ou divertir-se com um “game” qualquer.

O problema para Peter Hill de gerir a TAAG neste aconselhável “modo de voo” para se evitarem todas as perniciosas interferências externas é que a emenda que aqui se recomenda pode ser bem pior que o soneto, tendo em conta as especificidades atrás referidas do espaço angolano, sobretudo para um estrangeiro que nem português fala, por mais poder que lhe seja delegado.

Entre ligar e desligar o “modo de voo”, para já apenas sabemos que Peter Hill e “sus muchachos” acabam de aterrar em Luanda.

Por Reginaldo Silva

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