Sábado, 18 de Outubro de 2025
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Sexta, 17 Outubro 2025 18:13

A assembleia desnacionalizada é toda do grilo falante

No parlamento, aconteceu o óbvio: a Assembleia Nacional foi o palco escolhido. O diretor da peça teatral é um ilustre desconhecido, cujo nome é Auxiliar, auxiliar titular do poder executivo.

Diretor e ator residem no complexo habitacional da Cidade Alta — o mais caro por metro quadrado em todo o país.

Acto I

O patrono, ou seja, a matrona-chefe maior do parlamento transformado em anfiteatro, deu o mote para que a história começasse a ser perceptivelmente encenada.

Acto II

O ator principal é um ilustre conhecido; aliás, ele é um dos mais garbosos funcionários, conhecidíssimo de toda a plateia ali presente.

Acto III

A peça representada pelo ator único teve a duração de cerca de três horas e quarenta e cinco minutos — uma autêntica maratona teatral, terrivelmente mal concebida e, em permeio, muito mal interpretada pelo ator único habitual.

Acto IV

O primaz grilo falante mostrou que não era apenas incompetente; ele demonstrou que é o dono de tudo e de todos os deputados do MPLA. Inclusive, é igualmente dono da matrona-chefe da Assembleia Nacional psiquiátrica e de todo o grupo de alienados deputados e lambe-batas do MPLA.

Acto V

O homem foi ao anfiteatro mostrar para o que veio.

Primeiro, começou por desautorizar a corja de deputados ao seu serviço, dando o dito pelo não dito.

Aquilo que ele mesmo ordenou que o seu séquito de deputados votasse de maneira negativa — para que os mais velhos Holden Roberto e Jonas Malheiro Savimbi não fossem considerados heróis da luta pela independência nacional e heróis da pátria — hoje foi desdito numa só sentada.

E tudo se desfez: os criminosos de outrora tornaram-se os heróis de agora.

Acto VI

No decurso do festival discursivo, os deputados Mwandumba e Ângela Bragança da vida vieram a público reclamar de algo que não lhes é de direito.

Queriam eles que os deputados da UNITA batessem palmas porque o velho sacerdote anunciou o inevitável.

Pior de tudo: esses mesmos deputados votaram para que os mais velhos Holden Roberto e Jonas Savimbi fossem simplesmente varridos da face da terra.

Prelúdio.

A ficha caiu.

As deputadas do MPLA mostraram a todos que não são pessoas sérias.

Eles sabem que desta vez não haverá recuos; não há mais espaço para o MPLA continuar no poder.

Eis que é chegado o momento da mudança.

Agora resta ao preletor chorão escolher se vai sair do poder de maneira tranquila ou dolorida.

Mais de três horas de um episódico discurso, sem mostrar o caminho da mudança e sem se referir uma única vez às autarquias, é um sinal nefasto de que teremos o país todo nas mãos enferrujadas do MPLA nas próximas eleições gerais de 2027.

O herói do atraso falou por quase quatro horas ininterruptas, sem trazer inovações nem mostrar caminhos para retirar o país do profundo abismo em que se encontra.

Angola e os angolanos precisam de novas referências.

Cinquenta anos no poder é muito tempo — em Angola ou na China.

É dever de todo angolano apostar na decência e tirar o MPLA do poder.

É razoável aceitar o inevitável: Angola e os angolanos, todos juntos, terão de, em breve, mudar de vida.

O país precisa que o povo lute unido, para, com urgência, se livrar daqueles que transformaram a nossa terra num reduto de gente paupérrima e miserenta.

Já não é aceitável conviver com essa desconstrução violenta da sociedade.

O nosso chorão não nos deixou viver em paz; ele quer, a toda força, criar um país socialmente psicótico e de políticos adestrados.

Como digo em nome do autor do sofisma: o nosso presidente João Lourenço criou um circo burlesco, com sistêmicas apresentações de show rooms como uma realidade constante.

O choro foi, terminantemente, uma lastimável encenação, idêntica ao choro de um crocodilo esfomeado que busca o famigerado alimento.

Estamos juntos.

Por Raul Diniz

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