Quarta, 10 de Setembro de 2025
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Quarta, 10 Setembro 2025 13:25

Pedonais, passeios e estradas viram mercados em Luanda e no Icolo e Bengo

Sinceramente, é revoltante o que estamos a viver. Cada vez que passo pela famosa pedonal amarela, na vila de Viana e no desvio do Zango, sinto vergonha. Aquela estrutura foi construída para salvar vidas, para evitar as mortes que eram comuns naquela zona. Mas hoje, o que vemos? Um mercado a céu aberto, um retrato da falta de civismo e da ausência de fiscalização em locais que poderiam servir de espelho e de boa imagem da cidade.

Minhas senhoras e meus senhores, pedonais não são mercados! Passeios não são armazéns! Estradas não são bancadas! E agora, o que temos? Passeios cheias de grelhadores de bananas frango e outros, bancadas de roupa e até sacos de carvão. É um cenário vergonhoso que mostra duas coisas que são:

1 - Um povo que perdeu a cultura de respeito pelos espaços público.

2 - Um governo que perdeu a capacidade de impor ordem.

E não me venham com a desculpa por favor “as pessoas precisam sobreviver”. Sim, todos precisamos. Porque o pais que temos nos leva a este extremo de sobrevivencia e não de viver como tal. Mas sobrevivência não pode significar destruição da ordem urbana. Porque quando uma pedonal vira mercado, quando os passeios estão ocupados e quando até faixas de estrada são tomadas pelos vendedores, o resultado é caos total, engarrafamentos, acidentes, lixo por todo lado e zero mobilidade para quem anda a pé.

Querem um exemplo? A zona do desvio do Zango. Aquilo é um verdadeiro pandemónio! Passeios ocupados, faixas de rodagem invadidas, poluição visual e sonora por todos os lados. Ninguém respeita nada! Ai, todos os dias os vendedores do mercado informal ocupam impunemente os passeios e as faixas da estrada construída recentemente, provocando engarrafamentos sobretudo no periodo de tarde. A desorganização urbana é gritante. A Polícia, ao invés de garantir a fluidez e segurança do tráfego, parece rendida à desordem. Será mesmo que a Polícia Nacional perdeu a capacidade de repor a legalidade? Ou será que não lhe é dada a devida autonomia e ordem para agir?

Vale lembrar que, há algum tempo, no mesmo desvio do Zango, houve uma tragédia que provocou mortes por causa de um carro desgovernado. Agora, a questão que não se cala é e legítima perguntar: quantas cidadãs e cidadãos terão ainda de morrer atropelados até que o Estado acorde para as suas responsabilidades mais básicas? Senhores Governadores de Luanda e do Icolo e Bengo, revejam-se por favor. Ou são competentes, ou não são.

Agora, a pergunta é, até quando vamos viver neste descalabro?

Onde está a fiscalização? Onde estão as administrações municipais? Onde está o Estado que devia impor regras e proteger os cidadãos? A verdade é que estamos diante de uma mistura explosiva de falta de civismo do povo e ineficiência do governo.

Eu defendo medidas duras, porque a desordem já virou cultura e isso é perigoso. Vender nas pedonais, passeios ou estradas? Multa pesada.

Mercados improvisados em locais críticos? Remoção sem negociação. Polícia parada a assistir? Responsabilização por omissão.

Mas não basta punir. É preciso também propor soluções que visem a criação de mercados organizados e próximos das zonas de maior movimento, para que as pessoas tenham onde vender sem bloquear vias.

Campanhas de civismo permanentes, explicando que espaço público devem serem preservadas por todos.

Programas de integração dos vendedores informais, para dar alternativas dignas e não apenas empurrá-los para outro canto.

Agora, sejamos sinceros, enquanto não houver fiscalização séria e punição real, nada vai mudar. Porque já virou costume ver passeios e pedonais ocupados, e o povo pensa “se ninguém faz nada, então posso continuar”. É essa mentalidade que está a matar as nossas cidades.

Pedonais são para peões. Passeios são para caminhar. Estradas são para carros. O resto é desordem!

Se não impusermos ordem hoje, amanhã já será impossível recuperar o espaço público.

Por Rafael Morais

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