Quinta, 27 de Março de 2025
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Terça, 11 Fevereiro 2025 23:19

Caso AGT: Quando se focam a consequências e se deixam as causas descansadas

Por estes dias, as críticas da oposição políticas e de muito do resto da sociedade angolana, andam a volta do “irritante” que consiste no facto de não se ter exonerado, ainda, a Ministra das Finanças, depois do escândalo da roubalheira, na AGT.

Na minha opinião, porém, este e outros problemas que vivemos, como a inoportuna, desenquadrada e alastrante cólera, ainda nos dias de hoje, são todos filhos do grande problema que muitos achamos dever resolver-se nas próximas eleições. Ou, agora até com o exemplo de Moçambique, resolvê-lo depois, com um levantamento popular, não importa os prejuízos que venha causar, sobre o resto do pouco que ainda vai funcionando.

O que quero deixar aqui repetido, por ser forte convicção minha, é que não se pode esperar por um bom funcionamento de ministérios, departamentos nacionais, governos províncias, administrações municipais e comunais e respectivos titulares; e até das instituições da própria sociedade civil (incluindo partidos políticos), num sistema em que tudo o que seja importante depende de Sua Excelência o Senhor Presidente da República (não importa o nome), Titular Único do Poder Executivo, Comandante em Chefe (real e efectivo) das Forças Armadas, das forças da Ordem e Segurança, inatacável na media pública e devendo ser encarado com muito cuidado nas redes sociais e na media privada (não vá o diabo a tecê-las!); (im)processável na PGR, no Parlamento e nos Tribunais Superiores.  A talhe de foice, acabo de ouvir um áudio em que um governador de província, nascido alguns anos depois da morte de Agostinho Neto, afirma, com todos os dentes, que na sua província a regra a seguir será a de Agostinho Neto, em que, supostamente, se podia nomear alguém, hoje, e exonerá-lo amanhã, até encontrar-se o homem ou a mulher certa. Formidável! Como se apreendem tão rapidamente os esquemas e as lições do “Ordem Superior! 

Quem me leu bem sabe o que quis dizer. Que é o mesmo do que venho dizendo desde que se aprovou, de forma enviesada, a constituição de 2010 e foram ratificadas as práticas do “pessoalismo” presidencial, em Angola. Este problema, que é muito mais grave, aqui em Angola, do que era em Moçambique, antes da sua crise pós-eleitoral actual, é o problema, antes de mais, do nosso sistema político, jurídico-institucional e administrativo anómalo. Se não for resolvido, de forma pacifica, por iniciativa de quaisquer dos agentes mais relevantes da sociedade angolana, a saída, mais cedo ou mais tarde, poderá ser a mais dramática possível.

Por tudo isso, podemos prever que este ano não será uma boa contribuição para esperar-se por um futuro melhor, pelo menos, a longo prazo, que é o que deveria interessar mais as actuais e futuras gerações. Continuaremos perdidos em problemas parciais, alguns dos quais fomentados pelo próprio “anómalo sistema” para nos desviar a atenção do essencial. Seguiremos os que celebram, com entusiasmo, os chamados “grandes ganhos” dos 50 anos de independência; seguiremos as performances do Presidente João Lourenço na condução anual da União Africana, enquanto Angola  e muito do resto de África fenece, ante a falta de uma visão acertada para o continente e para cada um dos nossos países.

Como dizia o meu professor de Grego Antigo, Sr. Padre (capelão) Azevedo, em umbundo castiço, ele que era branco mesmo do Puto, ENE AKUETU OKUFINA!?= Ah, mas que belo e bonito !

Marcolino Moco

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