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Segunda, 28 Fevereiro 2022 12:42

Putin perde guerra psicológica contra o ocidente

Putin perde guerra psicológica contra o ocidente, mas reconhece, às repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, as implicações e consequências para o sistema internacional.

O nacionalismo Russo nasce na Ucránia por volta do seculo X e XII, começa a consolidar--se a partir do século XIX com o sistema monárquico do czarismo dos Romanov, e é integrado como parte da URSS em 1922, pelo lendário líder soviético Vladimir Lenine, discípulo de Karl Marx e fundador do marxismo Leninismo, ou seja, o santuário do nacionalismo pan-eslavo começa na Europa do Leste e Oriental, até a região do Báltico, começando em Kiev, nem se quer existia Moscow nem a belíssima cidade de São Petersburgo, com a desintegração da ex-URSS em 1991, através do colapso económico e das reformas mal feitas da dita Perestroika-Glasnost de Gorbatchov, os antigos estados das ex-repúblicas soviéticas começam a desintegrar-se de forma unilateral, um efeito dominó que teve efeitos catastróficos na antiga Rússia imperial, terminando, assim, um conflito ideológico entre as duas super potências mundiais.

O fim desse antagonismo de hostilidade da guerra fria permitiu a reunificação da Alemanha de Helmut Kohl e de Erich Noker. Que o povo alemão saiba enaltecer o pragmatismo dessas duas figuras no seu panteão histórico conteporaneo. (Bismark está em paz).

A partir de 1991, começa-se a construir-se uma nova ordem mundial, o mundo deixou de ser bipolar e ficou a mercê dos Estados Unidos da América, como única super potência unipolar. (Há quem diga que a Rússia não perdeu a guerra fria, apenas adormeceu - defende um dos melhores cientistas e político angolano e especialista em geostratégia e geopólitica, o erudito académico “Osvaldo Isata”. Discordei dessa narrativa, num dos painéis televisivos de que eu participei, com o académico Osvaldo Bonco).

Sai Boris Yeltsin, sucessor de Gorbatchov, um político fracassado, fragilizado, acossado pelo sistema, e entra um operativo do antigo KGB, o então coronel Wladimir Putin, filho de um herói da segunda guerra mundial, que, com a sua visão estratégica, imprime uma nova doutrina russocentrista multipolar, de reerguer a grandeza da mãe Rússia, e consegue reentrar no jogo da balança do poder mundial, um xadregista por excelência, um político astuto, frio, calculista e pouco emocionado; os efeitos desse equilíbrio de poder, começa a ter efeitos nefrálgicos na política externa ocidental, liderado pelos Estados Unidos.

O Estados Unidos, através da NATO e seus aliados (Inglaterra, França e Alemanha), em concertação com UE, criaram uma política de portas abertas, com o fito de uma política de agressividade diplomática na Europa do Leste, onde, fruto de uma política de histeria russofóbica, estimula o apetite da maior parte dos estados europeus do Leste a aderir à União Europeia, e, automaticamente, pediram adesão à NATO, a excessão da Ucránia, que, agora, pretende aderir à NATO, em oposição dos acordos trilaterais de Budapeste, na capital Húngara de 1994, com a participação da França, Inglaterra e Estado Unidos e actual Fedaração Russa, em que permitiu a desnuclearização da Ucránia, Bielorrússia e o Cazaquistão.

Como moeda de troca, Washignton, Moscow e aliados europeus, em nome da paz e da segurança mundial, defenderiam a segurança, integridade e a soberania desses três Estados, em nome da carta das Nações Unidas.

O ponto da discórdia desse conflito é a Ucrânia mostrar interesse em aderir à NATO, com o apoio incondicional dos Estados Unidos e a Europa e, por outro lado, inviabilizar o grande projecto transnacional do gasoduto Nord Stream 2, que, para o THINK TANK Americano, influenciaria vantagens à Rússia no quesito Geo-económico em quase toda europa, tanto o ocidente e a Rússia, ninguém está interessado nos ditos recursos naturais da Ucrânia, o conflito é geopolítico, tão logo a Ucrânia formalizar a entrada da NATO, a Rússia não terá saída e ficará cercada em duas frentes e automaticamente haverá uma reconfiguração do sistema internacional, e a Rússia tombará a pique, não terá poder de manobra no cenário internacional e geopolítico, é uma questão de sobrevivência, esse é o enquadramento epistemológico desse conflito.

Os Estados Unidos, NATO, Europa e C&A, na sua estratégia de conter a Rússia, foram alargando a sua zona de influência em quase todos países da Europa Oriental e do Leste, com a subtileza de cercar a Rússia e criar ali uma zona tampão do tipo Apartheid geográfico, um escudo de dissuasão do tipo cortina de ferro na fronteira Russa e Ucraniana, sem espaço de manobras para a sua auto-defesa. É uma questão de sobrevivência e de soberania, para um estado hegemónico que disputa o sistema internacional com os Estados Unidos interesses vitais para sua zona de influência. É a semântica da geopolítica, onde o tabuleiro de xadrez gravita sempre nos estados mais fortes, e os processos de tomada de decisão, muitas vezes, não dependem do direito internacional, mas sim de factores exógenos e do politicamente correcto.

O mundo questiona-se quem vencerá esse conflito.

Os estrategas ocidentais estão em vantagens, dominam o multilateralismo, a diplomacia internacional, o comércio internacional e estão em superioridade demográfica, territorial, recursos financeiros, ou seja, até o Vaticano sempre estará do lado do Ocidente; mesmo ao nível das Nações Unidas, dá para sentir a inércia parcial de António Guterres.

Onde está o tal conselho de segurança da ONU?

Tudo concertado, olhando para essas variáveis, o mundo ocidental domina o sistema internacional, a Rússia está isolada, basta olhar a firmeza de Joe Biden, com o seu radicalismo verbal contra Putin, ameaçando-o directamente, com sanções económicas já mais vistas e até com ameaças militares, foi notório em dizer que “a Europa está unida, e estamos em vantagens; em caso de uma guerra mundial, estamos preparados para qualquer cenário que ponha em causa a paz e a segurança mundial. A Rússia não terá capacidade para se defender.” Esse tipo de discurso sectário e unipolar já não se enquadra num mundo contemporâneo, onde o multilateralismo devia ser o elemento catalisador nas relações internacionais entre estados. Temos memória da primeira e da segunda guerra mundial, o egocentrismo de superioridade é fatalista e destrutivo.

Hans Morgenthau, no seu livro de 1951, com o título “Em defesa do Interesse Nacional”, escreve o seguinte:

“…há uma constante competição pelo poder entre Estados para garantir a segurança e a manutenção de territórios estratégicos, assim os Estados vivem em estado da natureza, ou seja, a confiança entre Estados traduz-se numa cooperação prolongada numa interpretação de guerra que pode durar mais ou menos tempo.”

Nicolau Maquiavel vai mais longe:

É reconhecimento da condição de que a realidade dos factos é composta de astúcia, força, violência, falsidade e dissimulação, algo bem longe do moralismo pregado pela tradição cristã, ou seja, o reconhecimento de uma política que não dispensa a manobra é apenas um jogo de aparência.

Para fazermos um enquadramento analítico é necessário descortinar,

desconstruir e reconstruir os paradigmas para melhor percebermos o sistema internacional e a geopolítica.

A Rússia, de Putin, foi sempre um “tendão de Aquiles” para os americanos, que não conseguiram impor o seu “status quo” na Síria, Venezuela, Afeganistão, Irão, etc., tudo por causa da força e do poderio militar russo no mundo. Os americanos estão com orgulho ferido, com essa última derrota humilhante no Afeganistão, onde um governo pró-ocidental, liderado por Hamid Karzai, foi destituído por via armada, em menos de um mês, por um exército campesino e mal uniformizado, com uma áurea revolucionária relâmpago.

Portanto, para os estrategas da NATO, era necessário fazer uma revisão do posicionamento geoestratégico dos interesses vitais da América. Para quem é estudioso da política americana compreenderá o seguinte:

A política externa americana é feita de fora para dentro, são factores externos que determinam a doutrina de qualquer presidente americano, juntamente com o juízo analítico da opinião pública, são variáveis bastantes determinantes para reeleição de um presidente, assim o “Think Tank” dos estrategas de Biden foi bastante assertivo em deslocalizarem agenda americana no Leste europeu, criando uma zona de tensão naquela região do Leste. É ali que o mundo testemunhará uma nova arquitectura de segurança mundial e concomitantemente precipitar uma nova ordem mundial.

Putin terá necessariamente de fazer uma “política de camaleão” e ganhar tempo, precisa voltar à fórmula da crise da baia dos porcos de cuba, de 1961, fortalecer relações militares com a Venezuela e Cuba, na perspectiva de deslocalizar os seus mísseis hipersónicos e balísticos para atingir psicologicamente Washington.

Putin entra na história militar de ter introduzido um quarto elemento de força de defesa e segurança, ou seja, a Rússia e os Estados Unidos são os únicos estados no mundo que têm quatro ramos de defesa: Marinha, Forças Armadas, Força Aérea e Forças Aeroespaciais, um elemento novo de dissuasão de defesa, muitos dos quais sem análogos de contra-ataque. O sujeito “Putin” não pretende redesenhar a Europa, tampouco ser o “Alexandre, o grande”, mas sim reelevar o vulto da grandeza da Mãe Rússia e defender os seus espaços vitais.

Dizia Winston Churchill: “A Rússia é um enigma dentro de um segredo cercado de mistério…”

Os EUA e aliados europeus irão exercer medidas económicas, políticas e militares para enfraquecer e desiquilibrar a economia e as Forças Armadas da Rússia, bem como influênciar a situação naquele país, criandos efeitos da polarização política da opinião pública.

Alguns estrategas e analistas de Geoestratégia e Geopolítica sublinham que, embora a Rússia sofra muitas vulnerabilidades, continuará a ser um “player“ poderoso que ainda é capaz de ser um concorrente dos EUA em várias áreas-chave, ou seja, as medidas de contenção da Rússia estão divididas em seis pilares principais: económicas, geopolíticas, ideológicas e informacionais, aeroespaciais, marítimas e terrestres, com sanções financeiras e comerciais ainda mais profundas e a aumentar a capacidade da Europa de importar gás de fornecedores fora da Rússia.

Quantos às medidas geopolíticas, fornecer ajuda à Ucrania é considerada uma das medidas com mais perspectivas, porque ela exploraria a fraqueza do maior ponto de vulnerabilidade em caso de um confronto externo com a Rússia.

Também propõe medidas mais directas e de carácter militar para enfraquecer a Rússia.

Por exemplo, trata-se de reposicionar bombardeiros dentro do alcance de um ataque fácil de alvos estratégicos russos, o que, sem dúvidas, atrairia a atenção de Moscovo e aumentaria sua ansiedade. Igual modo, o envio de armas nucleares tácticas adicionais para diferentes partes da Europa

e Ásia, enfatizando que essas e outras medidas reforçariam a participação da Rússia na corrida armamentista que iria devastar os seus recursos.

O Think Tank ocidental, liderado pelos Estados Unidos, vê como a maior vulnerabilidade da Rússia a dependência de sua economia das exportações de fontes de energia e, como ponto forte, o seu arsenal militar e seus êxitos na guerra de informação.

Que implicações para África e para o mundo

Esse conflito terá incidência em todo mundo, perdas humanas, migrações de povos e um volume acentuado de refugiados. Para o continente africano, aumento de autoritarismo em alguns estados totalitários, fragilização das instituições e um aumento de conflitos regionais entre as quais o terrorismo islâmico, em combinação com o banditismo de tráfico de armas e de drogas, e as instituições internacionais estarão bastante fragilizadas, fruto de um vazio de poder no sistema internacional, a economia alemã irá ressentir-se profundamente, correndo o risco de alemanha cair no ranquing como a quarta economia do Mundo, a China não é um aliado natural da Rússia, mas comunga ideologicamente pontos comuns e relações estratégicas profundas de âmbito militar, ela tirará vantagens desse quesito para posicionar a sua hegemonia no Mundo.

(Acautelar a humanidade que não haverá uma terceira guerra Mundial) a intervênção Russa na Ucrania é apenas cirúrgica e psicológica, na perspectiva de neutralizar alvos estratégicos e de avaliar as capacidades militares de ambos os lados.

A força, para enfrentar a força, usa as criações da arte e da ciência. OS erros devidos à bondade das almas são a coisa pior que há. A guera nada mais é que a continuação da política por outros meios. O vencedor é sempre amigo da paz.

( Carl Von Clausewitz)

Crisóstomo W. Tchipilica.

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