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Sábado, 03 Abril 2021 15:38

O projecto do MIREX de inserção de quadros angolanos nas organizações internacionais é uma grande mentira

O MIREX há anos vem dizendo que inserirá cidadãos angolanos nas demais organizações internacionais, sai ano entra anos e nada acontece, no fim das contas fica claro que tudo não passa de falsidade, engano, falta de inteligência e de projectos concretos por parte daqueles que dirigem a dinâmica da nossa política externa.

O Estado angolano contribui milhões de dólares todos os anos aos organismos e organizações internacionais, mas na realidade esses investimentos não traduzem-se em nada no crescimento da nossa diplomacia, porque  na prática os lugares reservados para Angola nessas grandes organizações mundiais os funcionários do MIREX e não só, atribuém aos seus familiares, filhos e amigos, e os angolanos realmente competentes e formados não chegam a ter oportunidades nessas organizações, ficam sempre de fora por não serem famílias desse ou daquele dirigente, porque em Angola a bajulação, o partidarismo, o nepotismo e o tráfico de influência prevalem sobre a inteligência e a competência de alguém, por esses e outros motivos somos um grande fracasso na arena internacional.

O MIREX é incapaz de criar programas e projectos de alto nível, o pessoal do corpo directivo do MIREX passam o tempo todo realizando meeting e conferências sobre a inserção de quadros angolanos nas organizações internacionais, mas são apenas teorias, teorias atrás de teorias, e novamente no passado dia 31 de Março realizaram mais um encontro via ZOOM para falar sobre a inserção de angolanos na UNESCO, tanta teoria mas pouca acção.

Se realmente houvesse interesse por parte do MIREX em inserir angolanos nas organizações internacionais deveria-se criar uma estratégia mais concreta em volta de tudo isso, primeiramente a nível interno (em Angola) as Universidades poderiam servir de analistas ou de olheiros em verificar sobretudo os estudantes de fim de curso (e aqueles que já tenham terminado) que tenham tido as melhores notas, esses passariam por entrevistas e testes práticos de tipo político-diplomático (e não só), mas isso deve ser feito com muita seriedade, rigor e transparência, visto que as nossas Universidades de regra geral (públicas e privadas) não têm qualidade e passam o tempo todo fazendo corrupção e oferecendo notas, e os proprietários dessas mesmas Universidades interessam-se muito mais pelo dinheiro não pela qualidade do ensino, por isso Angola está cheio de universitários mal formados.

Para os angolanos que encontram-se na diáspora as Embaixadas e os Consulados deveriam ter a responsabilidade de entrar em contacto com esses angolanos, as nossas Embaixadas deveriam recrutar os angolanos que tenham altas qualificações universitárias como potenciais candidatos para ocuparem lugares importantes a favor de Angola nas organizações internacionais.

Existem angolanos bem formados basta que se faça um recrutamento sério, justo e meritocrático, no fim teremos bons resultados em prol da nossa diplomacia, tudo isso é possível basta que haja vontade por parte daqueles que estão em frente desses projectos que até aqui não produziram resultados significativos.

Falando especificamente da UNESCO devo dizer que num dos meus Mestrados (Master Universitário de II° Nível em Pedagogia-Dirigentes nas Instituições Escolásticas) defendido no dia 16 de Novembro de 2020 em Roma, falei sobre Políticas Formativas em África e na Europa, era um estudo comparado, no fim cheguei a conclusão de que a UNESCO precisa de reformas, na verdade a UNESCO precisa de elaborar de forma adequada estratégias e programas formativo-educativas de modo não só a uniformizar os programas formativos dos demais Países (especificamente africanos), mas também de modo a fazer evoluir ainda mais os métodos e as técnicas de ensino e de aprendimento.

O MIREX precisa saber exactamente o que deve ser feito de modo a preencher acertadamente as vagas de Angola nas organizações internacionais, mas isso exige visão por parte da Administração central do MIREX, exige inteligência, pragmatismo e muito estudo (investigação constante), quanto a isso não quero me vangloriar (sendo sincero) estou cheio de especializações (mais de 9 diplomas universitários), com isso quero dizer que, se quisermos representar Angola com eficiência é necessário que os escolhidos sejam altamente formados, sendo que se trata de organizações internacionais, quanto mais formações universitárias de diferentes temáticas, direcções e áreas de estudos por parte do candidato melhor ainda, isso  catapultaria a nossa presença nessas organizações mundiais.

O primeiro requisito essencial para a inserção de angolanos nas organizações internacionais é mesmo a formação universitária (competência, idoneidade, responsabilidade, dinamismo), se tiver domínios em línguas estrangeiras melhor ainda, mas a língua não constitui e nem deve constituir um impedimento, porque isso de língua em 3-6 meses a pessoa pode aprender (caso houver empenho), e não só, como se sabe o conhecimento é universal, se fores altamente qualificado terás valor em toda parte do Mundo e a língua é um bem complementar, e no MIREX temos muitos diplomatas que apenas sabem línguas mas têm poucos estudos universitários, porquê? Porque estudar é sempre a coisa mais difícil, se fosse fácil todos seriam bem formados, mas passar anos e anos numa carteira suportando e superando todas as provas, testes e teses não é mesmo pra todos, mais um motivo para que os nossos diplomatas estudem e se formem mais e de forma séria, mas infelizmente e tristemente não vejo muita qualidade nos diplomatas que temos, isso é um dos motivos do fracasso da nossa diplomacia, e esse projecto do MIREX  de inserção de angolanos nas organizações internacionais é uma grande falsa, porque tudo gira em volta do nepotismo, amiguismo e tráfico de influências, não há transparência muito menos meritocracia, todo esse projecto é uma grande mentira.

Eu e a Diplomacia a Diplomacia e Eu

Por Leonardo Quarenta – O Diplomata

Ph.D em Direito Constitucional e Internacional

Mestrado em Relações Internacionais e Diplomacia

Master em Direitos Humanos e Competências InternacionaisBolama.

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