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Quarta, 07 Outubro 2020 13:10

Quanto mais dou sugestões concretas e positivas ao MIREX mais as Embaixadas continuam na desordem

A arrogância e o baixo nível acadêmico-universitário nas instituições diplomáticas angolanas, é uma das grandes tristes características enraizado no ego dos nossos Representantes.

Porque quanto mais aconselhas e dás a sua opinião para o bom funcionamento das coisas, mais eles viram-te as costas e comportam-se duas vezes pior, com intenção de mostrar-te de que, são eles que estão no comando, e é exactamente desse jeito que as nossas Embaixadas e consulados funcionam.

O MIREX precisa de pessoas competentes, dinâmicas e qualificadas para organizar como deve ser toda a instituição, o MIREX não funciona bem, nunca funcionou bem, e não há nenhuma prospectiva de que venha a funcionar melhor num futuro próximo, porque os actores são sempre os mesmos.

O MIREX é um dos ministérios que não contribui significativamente em nada para o desenvolvimento do País, o Estado angolano gasta rios de dinheiros em prol das nossas missões diplomáticas que apenas existem como figuras no Exterior, tudo porque os nossos embaixadores trabalham pouco, eu os considero de «preguiçosos diplomáticos», são «parados», têm medo de debates, não gostam de ouvir o contraditório, preferem os bajuladores do seu lado em vez dos competentes.

Os nossos embaixadores pouco fazem para congregar e unir as comunidades angolanas na diáspora, os nossos diplomatas deixam muito a desejar, não têm programa de mandato, fazem as coisas dependendo da “lua cheia” e movimentam-se em base «o ritmo do vento», com isso quero dizer que trabalham sem nenhum projecto concreto em pauta, isso não é diplomacia, é falta de conhecimento, é desordem e muita incompetência.

Diplomacia não é e nunca será um trabalho de conveniência, a Diplomacia não foi feita para acomodar ou aposentar dirigentes com idades avançadas dentro das embaixadas e dos consulados, diplomacia não é uma espécie de “paraíso”, não é um “Jardim do Édem” onde tudo parece ser uma maravilha e que com pouco esforço podes ter tudo ao seu redor e aos seus pés, o mundo real político-diplomático é outra coisa, exige empenho e dedicação, exige estar no terreno acompanhando tudo de perto, diplomacia é acção, é estratégia e projectação, porque sem projecto o diplomata não saberá onde ir nem como se direccionar.

 Enquanto continuarmos a nomear embaixadores, ministros conselheiros, cônsules gerais, adidos entre outros agentes diplomáticos, usando o critério do nepotismo e do tráfico de influências em vez do critério «meritocracia», as nossas representações diplomáticas serão tipo centros de ensaios de carnavais, que nem àqueles do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, porque trabalho sério e responsável as nossas Embaixadas não conseguem fazer, não fazem não porque não querem fazer, não é apenas uma questão de querer, é que não podem mesmo fazer, porque não há e nem têm competências para tal, é como se fosse colocar um electricista numa função financeira ou gestão hospitalar, seguramente a coisa não correrá nada bem, tal e igual acontece com os nossos embaixadores e diplomatas, a maioria deles nem sequer têm noção do que é a Diplomacia, nem de longe saberiam distinguir ou responder: qual a diferença entre «burocracia diplomática» e burocracia político-administrativa. A resposta é simples, mas a maior parte deles não sabem a resposta. Estou muito longe diplomaticamente!

Deveria ser motivo de orgulho o cidadão nacional colocar os pés na sua própria Embaixada, mas não é isso que acontece, os cidadãos angolanos estão sempre a lamentar e a reclamar, se não é por motivo de mau atendimento, é o processo lento dos documentos, se não é isso, ou é porque foram pra lá pedir ajuda e não foram ajudados nem apoiados, mas sim ignorados e desprezados, como se não fossem filhos da mesma terra.

 Os nossos embaixadores por falta de visão estratégico-diplomática não conseguem ter nem 7% de confiança por parte do seu próprio povo, porque não têm competência nem carisma para atrair ao seu favor o amor e o carinho dos seus cidadãos na diáspora, e nem sequer têm conhecimento táctico e prático sobre «acção psicológica», para convencer e atrair potenciais investidores em prol do País. Os diplomatas angolanos não são tecnocratas, estão muito longe disso, na verdade estão muito atrás no tempo, precisam caminhar ainda muito, caso desejem adquirir conhecimentos profundos sobre diplomacia moderna. 

Diplomacia é uma arte exigente, mas o MIREX transformou a diplomacia angolana numa espécie de “esconde-esconde” como se diz nas brincadeiras das crianças, de modo a facilitar a aposentadoria de dirigentes do Estado que estão no fim das suas carreiras políticas, colocando-os como embaixadores ou como chefes de missão. Em Angola isso acontece o tempo todo, não há seriedade no MIREX, caso estivesse no comando isso acabaria.

As nossas instituições diplomáticas são sinônimo de desordem atrás de desordem, vejam o que está fazendo o Embaixador Joaquim do Espírito Santo na Embaixada de Angola nos EUA, está despedindo funcionários do recrutamento local sem justa causa em plena fase de pandemia, alegando crise em Angola, a mesma coisa fez o seu irmão, o Embaixador Narciso do Espírito Santo no Consulado Geral de Angola em Lisboa, já despediu vários funcionários no ano passado para empregar familiares e amigos, e agora está tentando despedir novamente de forma injusta e ilegal funcionários do recrutamento local, alegando que são ordens do Ministro Téte António. Ainda agora de forma deliberada já estão culpando o Ministro pelo despedimento ilegal do pessoal, ele que não tem ainda 7 meses de mandato.

São esses tipos de embaixadores que o nosso governo manda no exterior (90%), embaixadores sem diplomacia, esses diplomatas não entendem nada de Diplomacia. Esses dois irmãos embaixadores (Joaquim e Narciso do Espírito Santo) só enfraquecem ainda mais a nossa diplomacia que já é muito débil/fraca faz muito tempo, mas esses dois irmãos injustamente despedem funcionários mas o governo angolano não faz nada e nem diz nada, o próprio MIREX nem sequer consegue pronunciar-se sobre o sucedido.

Como é do conhecimento público o Embaixador Narciso comprou um tapete que custa mais de 70 mil euros mas ele continua aí como Cônsul Geral de Angola em Lisboa, diz que o País não tem dinheiro, mas compra tapete milionário e despede funcionários como se o consulado fosse propriedade dele. É que são muitas denúncias contra a sua gestão consular mas nem o governo nem o MIREX conseguem responsabilizá-lo, agora percebo porquê que ele no seu circuito mais fechado chegou de dizer: podem falar o que quiserem sobre mim mas ficarei aqui mais 4 anos como Cônsul Geral. A prática está demostrando isso, ele na verdade é muito poderoso, ninguém consegue exonerá-lo, mesmo com tanta incompetência, sobrefacturação, desordem, denúncias de corrupção, ele continua aí como o grande chefão do consulado, ele se sente intocável: o Embaixador Narciso eu o considero de super homem! 

Eu amo o MIREX mas o MIREX é um tipo de namorada ou esposa que trai o tempo todo o seu marido, eu sou esse marido e o MIREX é essa esposa, não dá pra confiá-la, é muita decepção, tudo isso é culpa do MIREX, reformas precisam ser feitas!

«Eu e a Diplomacia a Diplomacia e Eu»

Por Leonardo Quarenta

Doutorando em Direito Constitucional e Internacional

Mestrado em Relações Internacionais e Diplomacia

Master em Direitos Humanos e Competências Internacionais

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