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Segunda, 23 Setembro 2019 09:23

Ao mais velho Justino Pinto de Andrade - A gratidão na hora do abandono

O saber agradecer é uma grande virtude e qualidade que deveria ser cultivada e incentivada. Nesta Angola dos dias de hoje, onde a quantidade de ingratos por razões estranhas continua sendo cada vez maior .

Esta gratidão não é apenas pelo facto de ter servido com dignidade, atenção e preocupação permanente a vida política do partido ( BD ) , do pais e assim como a dos angolanos. Esta gratidão é também por ter sido um dos mais velhos que me recebeu, quando pela primeira vez subi as escadas da cela ( F ) na cadeia de S.Paulo.

Com lágrimas misturadas com sangue que me salpicava pelo corpo, e as primeiras palavras que ouvi de si foram: (Jovem tenha coragem). Grato por lhe ter conhecido pessoalmente num momento de transcendente importância histórica da minha vida tão jovem que era.

Embora preferia lhe ter conhecido numa universidade qualquer como seu aluno. Pois sempre ouvi dizer de meu pai, de que a faculdade é a melhor época da vida de um jovem.

Grato por ter sido a luz que iluminou o caminho de tantos amigos meus amigos de longa data, eles sabem quem são.

Amigos firmes até hoje, sem preço, muitos deles entre os melhores que tenho, de quem guardo boas recordações. Grato pelos livros que as vezes mesmo sob risco nos fazia chegar, que acabavam por rolar de mão em mão dentro da nossa e outras celas daquela cadeia.

Grato pelos conselhos e aquelas experiências únicas vividas consigo, com seu irmão Vicente, Gentil Viana, Castro Lopo, Cornélio Caley.

E outros tantos mais velhos, homens do saber, estudiosos e nacionalistas de verdade que o regime maltratou por que eram diferentes. Mais velhos de quem ainda não se escreveu tudo, que se transformaram em história para o futuro ....

Obrigado mais velho Justino Pinto de Andrade

Fernando Vumby

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