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Sexta, 04 Abril 2014 08:14

As ameaças da Paz: Exclusão, a pobreza extrema e a corrupção institucional - Samakuva

"Ao longo da história do nosso país, o conceito de paz esteve sempre associado à ausência de guerra. O calendário nacional consagrou como “Dia da Paz”, o dia em que os militares assinalaram o calar das armas por via de um Acordo de papel.

Assim, quando se fala de paz, muitos pensam apenas na dimensão militar da última fase do conflito socio-político que assolou Angola por décadas.

Todavia, esta não é paz que a humanidade almeja e os angolanos merecem. A Organização das Nacões Unidas Para a Educação, Ciência e Cultura, inseriu no preâmbulo do seu Acto Constitutivo, as seguintes palavras sobre a paz:

"Uma vez que as guerras começam na mente dos homens, é na mente dos homens que as defesas da paz devem ser construídas".

De facto, se não são as armas que causam as guerras, mas sim a mente dos homens, suas ambições, orgulhos e paixões, também a paz não se defende calando as armas nem assinando acordos de papel para se calarem as armas.

A paz, tal como a democracia, é uma cultura, é um modo de estar. A paz é fruto da democracia, e a democracia é o regime político da paz.

A Cultura da Paz, consagrada após a II Segunda Guerra Mundial, está intrinsecamente ligada ao respeito pelos direitos universais do homem e à defesa da dignidade humana. É uma cultura baseada na tolerância, na igualdade e na solidariedade.

É uma Cultura que se empenha em prevenir conflitos resolvendo-os em suas fontes. Estes conflitos incluem as novas ameaças não-militares para a paz e para a segurança, como a exclusão, a pobreza extrema, a corrupção institucional e a degradação ambiental.

A Cultura de Paz procura resolver estes novos conflitos logo que eles se manifestam, por meio do diálogo, da negociação e da mediação, de forma a tornar a violência desnecessária e inviável.

Em matéria de cultura da paz, conforme ela é entendida pela UNESCO, onze anos depois das armas se terem calado em Angola, onde estamos? O que é que temos?

Construímos estradas, prédios e centralidades, mas não construímos, nas mentes e nos espíritos das pessoas, as defesas da paz!

Temos leis no papel, que consagram os valores e a cultura da paz. Ouvimos nas televisões e na Rádio, um discurso oficial aparentemente moralizador, apelando ao diálogo. Mas na prática, temos a intolerância, a exclusão, as gritantes desigualdades, a impunidade e as constantes agressões à Constituição e à Lei".

 

NF

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