O declarado opositor do atual Presidente, Félix Tshisekedi, apresentou-se perante os jornalistas sem fazer declarações, na presença do porta-voz do grupo armado antigovernamental M23, Lawrence Kanyuka, numa das suas residências, onde recebia líderes religiosos locais.
Visivelmente relaxado, vestindo um fato escuro e sem a sua habitual barba, o antigo chefe de Estado mostrou-se disponível para as fotos que marcaram a sessão.
Joseph Kabila classificou na sexta-feira - no dia seguinte ao levantamento da sua imunidade parlamentar e num raro discurso transmitido 'online' -, a existência de uma "ditadura" promovida pelo Governo de Kinshasa e anunciou que estaria "nos próximos dias" em Goma.
Kabila, de 53 anos, que governou a RDCongo de 2001 a 2019, deixou o país no final de 2023, mas ainda possui uma importante rede de influência. Em abril, o antigo chefe de Estado já tinha anunciado à imprensa que iria retornar ao país "pela parte leste", sendo que grande parte desta região está sob o controlo do M23, apoiado pelo Ruanda e o seu exército.
O leste congolês, uma região rica em recursos naturais na fronteira com o Ruanda, é dilacerado por conflitos há 30 anos. A violência nesta zona intensificou-se nos últimos meses com a tomada do M23 das grandes cidades de Goma e Bukavu, capitais das províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.
Em abril, o ministro da Justiça, Constant Mutamba, recorreu à Justiça militar para lhe instaurar um processo. O senado acabou por levantar a imunidade de Kabila em 22 de maio, acusando-o de traição, participação num movimento insurrecional, participação em crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Esta decisão não foi uma grande surpresa, uma vez que a coligação de Félix Tshisekedi detém uma maioria esmagadora no parlamento e o partido do ex-Presidente, que boicotou as últimas eleições no final de 2023, não está representado no mesmo. A independência do poder judicial na RDCongo, país vizinho de Angola, é, além disso, regularmente posta em causa.