Quinta, 16 de Outubro de 2025
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Quinta, 16 Outubro 2025 15:58

Ex-Presidente da RDC, Joseph Kabila e opositores criam novo movimento político

O ex-Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo) Joseph Kabila e várias figuras da oposição anunciaram em Nairobi, a capital do Quénia, a criação de um novo movimento político denominado "Salvemos a RDCongo".

O movimento político surge semanas depois de um tribunal congolês ter condenado Kabila à pena de morte por alegados crimes de rebelião, traição e crimes de guerra.

Num documento divulgado após dois dias de reuniões no Quénia, os fundadores justificaram a criação da plataforma como uma resposta ao que consideram ser "o colapso das referências republicanas, o enfraquecimento do Estado de direito e a perda progressiva da soberania nacional", tendo como objetivo "restaurar o Estado de direito, promover uma paz duradoura e propor uma alternativa política estruturada ao poder atual" na RDCongo.

Os fundadores do novo movimento político criticaram a condenação de Kabila, qualificando-a como "injusta e politicamente motivada", e manifestaram apoio aos 10 pontos propostos pelo ex-Presidente em maio de 2025 para tirar a RDCongo - que faz fronteira com Angola - da crise.

Apelaram a um diálogo "sincero e inclusivo" e rejeitaram o "monopólio político" do atual Presidente, Félix Tshisekedi, que sucedeu a Kabila depois de vencer as eleições de 2019.

O porta-voz do Governo congolês, Patrick Muyaya, criticou as declarações dos opositores e afirmou que o Quénia "está a tornar-se numa espécie de capital da conspiração contra a RDCongo".

Muyaya acusou os participantes de agir "sob o pretexto de paz" para tentar recuperar privilégios perdidos, lembrando que o país está em reconstrução.

Por seu turno Daniel Aselo, dirigente da União para a Democracia e o Progresso Social, partido de Tshisekedi, minimizou a importância da criação desta plataforma durante uma entrevista concedida à emissora congolesa Radio Okapi e ironizou sobre "ser Kabila quem fala de ditadura neste país".

O encontro de opositores em Nairobi contou com a presença do ex-primeiro-ministro Augustin Matata Ponyo, condenado em maio a 10 anos de prisão por corrupção, e aconteceu em paralelo às negociações de paz entre o Governo da RDCongo e o grupo rebelde M23, mediadas pelo Qatar.

As reuniões marcaram também a reaparição pública de Kabila, que foi visto pela última vez em maio deste ano, numa zona do leste congolês controlada pelo M23, grupo que tomou as cidades de Goma e de Bukavu no início do ano, com alegado apoio do Ruanda, de acordo com o Governo e a Organização das Nações Unidas.

Kabila, que governou a RDCongo entre 2001 e 2019, regressou ao país em abril, depois de um ano exilado, mas voltou a desaparecer da vida pública depois de ter participado em eventos em Goma, tendo sido condenado por um tribunal militar posteriormente.

As tensões entre Kabila e Tshisekedi intensificaram-se desde a rutura da coligação entre a Direção para a Mudança, de Tshisekedi, e a Frente Comum para o Congo, de Kabila, que governaram juntas o país depois das eleições de 2019.

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