“Este acordo, assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos nossos dois países numa cerimónia solene presidida pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, (...) abre caminho a uma nova era de estabilidade, cooperação e prosperidade para a nossa nação”, disse Félix Tshisekedi num discurso em vídeo transmitido hoje para assinalar o 65.º aniversário da independência da antiga colónia belga.
O acordo, que Félix Tshisekedi qualificou de “histórico” e que pretende marcar “um ponto de viragem decisivo” para pôr fim ao conflito, “não é apenas um documento, é uma promessa de paz para o povo” do leste da RDCongo, acrescentou o chefe de Estado.
Embora toda a região esteja sob o controlo do M23, o Presidente congolês afirmou a sua vontade de “restabelecer plenamente a autoridade do Estado em todo o território nacional”, estando o M23 mencionado no documento apenas no contexto da mediação de Doha.
Não há qualquer menção aos ganhos territoriais do grupo armado. No entanto, a coordenadora da Aliança do Rio Congo (AFC em francês, que inclui o M23), Corneille Nangaa, advertiu que o pacto “cobre apenas uma pequena parte das verdadeiras causas do conflito” na RDCongo e argumentou que “mentir à opinião pública nacional e internacional dizendo que não há crise na RDCongo e que se trata apenas de um conflito entre Kigali e Kinshasa é um erro inaceitável”.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Ruanda e da RDCongo, Olivier Nduhungirehe e Thérèse Kayikwamba Wagner, respetivamente, rubricaram na passada sexta-feira, em Washington, a nível ministerial, o acordo de paz entre os dois países, que entrou imediatamente em vigor e que visa pôr fim a três décadas de tensões.
Entre as disposições incluídas no documento figuram o respeito pela integridade territorial de cada país, a resolução pacífica dos diferendos, a proibição de atos hostis e a proibição de apoio a grupos armados.
Mas o pacto também dá acesso aos Estados Unidos da América a minerais críticos na região, de acordo com o presidente dos EUA, Donald Trump, que disse que os norte-americanos terão “muitos dos direitos minerais no Congo”.
Maior produtor mundial de cobalto, a RDCongo, um país gigantesco na região dos Grandes Lagos, vizinho de Angola, também possui reservas subterrâneas significativas de coltan, um mineral estratégico para a indústria eletrónica.
O leste da RDCongo está mergulhado em conflitos desde 1998, alimentados por milícias rebeldes e pelo exército congolês, apesar da presença da missão da ONU MONUSCO.