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Sexta, 08 Julho 2016 07:41

Angola deve viver novo ciclo sem petróleo

Angola deve criar condições objectivas para viver um novo ciclo no qual haja estabilidade política, económica e social, mas sem depender da actividade petrolífera, sector que representa actualmente 95 porcento das exportações do país, afirmou o economista Manuel Nunes Júnior.

Segundo o economista, embora o peso deste sector na constituição do PIB tenha vindo a baixar de cerca de 60% em 2002 para cerca de 35% em 2015, o país ainda vive uma forte dependência da actividade extractiva, razão pela qual a queda do preço do petróleo no mercado internacional induziu a redução das divisas do país e consequentemente provocou uma pressão sobre as reservas cambiais do país.

Manuel Nunes Júnior, que dissertava terça-feira sobre " O impacto da queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional e as medidas do Executivo para o contínuo crescimento da economia nacional”, no VI Fórum de Oportunidades de Negócios e Investimentos da província do Uíge, disse existir essa pressão sobre reservas cambiais, devido às importações do país e outros compromissos com o exterior.

A redução da entrada de moeda forte, como consequência da queda do preço do petróleo, está a criar constrangimentos ao mercado monetário e cambial do país e a título ilustrativo o economista pontualizou que no primeiro trimestre 2016 as divisas vendidas pelo Banco Central aos bancos comerciais foram de cerca de USD 721 milhões, quando em igual período de 2014 foram de 3,9 biliões.

Elucidou que no primeiro trimestre de 2016 se vendeu em média menos de USD 300 milhões por mês, quando no I trimestre de 2014 foram vendidas em média USD 1,3 biliões por mês.

Em função da conjuntura económica que o país está a viver, lembrou que até 2014 a inflação acumulada anual era de 7%, quando em Março deste ano (2016) a inflação em termos homólogos foi de 23,60%.

Por outro lado, disse que o Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016 foi elaborado com o preço referência de USD 45 o barril, quando o preço médio de exportação no primeiro trimestre deste ano foi de USD 31,50, um défice de 13,5 dólares norte-americanos.

Dado o factor dependência à actividade dos petróleos, o também professor titular da faculdade de Economia da universidade Agostinho Neto disse haver ressentimento do nível de actividade do sector não petrolífero e consequentemente do emprego, dada a correlação existente entre os dois sectores da economia (o petrolífero e o não petrolífero).

Para inverter o quadro actual de crise, Manuel Nunes defende uma estratégia sustentada que passa pelo aumento, a curto prazo, da produção e controlo de produtos exportáveis, de modo a gerar divisas para o país.

 

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