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Segunda, 04 Julho 2016 08:26

Divisas vendida nas bancas comerciais caem para 88,4 milhões EUR

A injeção de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) na banca comercial caiu mais de 60 por cento na última semana, para mínimos de 88,4 milhões de euros, mantendo-se as vendas apenas em moeda europeia.

A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 27 de junho a 01 de julho, contrastando com os 229,2 milhões de euros da semana anterior.

De acordo com o documento, consultado hoje pela Lusa, as divisas disponibilizadas na última semana, equivalentes a 98,7 milhões de dólares, destinaram-se a cobrir, essencialmente, as necessidades do "programa de saneamento responsabilidades externas", com 84,3 milhões de euros, necessidades das empresas (2,7 milhões de euros) e da seguradora pública Ensa (um milhão de euros).

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu praticamente inalterada nos 166,712 kwanzas por cada dólar e nos 186,266 kwanzas por cada euro.

Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada à volta dos 570 kwanzas.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.

A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

A falta de divisas, em função da procura, dificulta, por exemplo, a transferência de salários dos trabalhadores de expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

O Presidente angolano exigiu na sexta-feira ao BNA que encontre soluções para resolver as dificuldades dos clientes e empresas no acesso a divisas, reconhecendo que no momento atual quem tem dinheiro prefere mantê-lo fora do país.

José Eduardo dos Santos explicou que a venda de divisas aos bancos por parte das empresas petrolíferas estrangeiras que operam no país, para obterem moeda nacional para o pagamento das despesas em Angola, não cobrem atualmente as necessidades, como no passado.

"Este valor ronda em média os 300 milhões de dólares por mês, o que é manifestamente insuficiente para as necessidades dos bancos e para o Orçamento Geral do Estado", reconheceu o chefe de Estado angolano, admitindo por isso que aumentar e diversificar as exportações é hoje, para Angola, uma "tarefa urgente e inadiável".

Sobre a tarefa de diversificar a economia para impulsionar as exportações, José Eduardo dos Santos referiu ser necessário que "quem exporta" tenha o "apoio dos bancos comerciais", com regulamentos "claros" sobre como movimentar nomeadamente moeda estrangeira.

"Infelizmente esse sistema ainda não existe, pois quem ganha licitamente o seu dinheiro em divisas não consegue dispor dele, nos nossos bancos. Por isso, quase todos preferem ter esses recursos, esse dinheiro, no estrangeiro", observou.

José Eduardo dos Santos acrescentou que o Governo já recomendou ao BNA que "trate desta matéria com urgência", em articulação com os bancos comerciais, "para melhor proteger os interesses" de Angola.

© Lusa

 

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