A Polícia Judiciária (PJ) do Porto apreendeu o arsenal, inédito em Portugal, e deteve os três "artífices" do esquema, em Braga, Barcelos e Aveiro, ao fim de uma investigação iniciada há dois anos.
O trio desmantelado pela PJ explorava duas inovações: fabricava moedas com instrumentos expressamente construídos para o efeito e utilizava uma impressora 3D (três dimensões) na construção de moldes que iriam permitir o fabrico das notas de 500 euros com elevado grau de perfeição.
Cada um dos detidos tinha o seu papel na discreta organização. O mentor do esquema de falsificação é um artesão, de 58 anos, cadastrado que esteve detido em 2002, e é considerado o maior especialista em Portugal no fabrico de euros falsos. Só que a este indivíduo faltavam conhecimentos de informática, o que o levou a "contratar" um especialista na matéria, de 29 anos. Era a este elemento que competia a tarefa de elaborar os moldes essenciais para a construção e posterior impressão de notas de 500 euros.
O material estava escondido em Braga, tendo sido ainda apreendido papel e folhas prateadas destinadas a inserir os hologramas nas notas. "É de salientar o preciosismo e a preocupação de maximizar a qualidade das notas", sublinha Damiana Neves, coordenadora da secção de investigação de crime económico da PJ do Porto.
Sobre o destino das notas e moedas contrafeitas, a PJ refere ter a "suspeita" de que a moeda falsa, além de ser posta a circular em Portugal, destinar-se-ia a países do Leste europeu, a Angola e a Moçambique.
Elaborado era ainda o estratagema destinado ao fabrico de moedas de dois euros. Os falsários conseguiram criar cunhos para gravar as faces em metal dourado, replicando as moedas verdadeiras.
Para completar o processo de fabrico das moedas, o mentor do esquema inventou uma máquina que servia para dar o toque final: depois de cunhadas, eram colocadas os aros metálicos, de cor distinta, em redor das faces em metal dourado. Mesmo o rebordo e ranhuras das moedas falsas eram muito parecidos com os das verdadeiras. As diferenças centravam-se, apenas, em algumas imperfeições, no peso (ligeiramente inferior ao das reais) e na circunstância de as moedas falsas não serem magnéticas.
A PJ detetou algumas destas moedas de um e dois euros em circulação. E tem informações de que seriam comercializadas a metade do seu valor facial.
Os três detidos serão hoje interrogados no Tribunal de Instrução Criminal do Porto para aplicação de medidas de coação.
Jornal de Notícias.