O casino clandestino funcionava no Hotel Sunshine, no município de Talatona, tendo a operação sido realizada pelo SIC, através da Direcção Central de Operações, da Direcção Nacional de Combate aos Crimes Informáticos e da Direcção de Combate ao Crime Organizado.
Em declarações à imprensa, nesta quarta-feira, o Superintendente-Chefe de Investigação Criminal, Manuel Halaiwa, sublinhou que o objectivo principal do crime era a burla e sabotagem informática, com a intenção de defraudar os apostadores nessas plataformas, cujos pagamentos eram feitos na moeda local dos jogadores.
Afirmou que nessa actividade ilícita de jogos sem licenciamento foi identificada a prática de "retenção" da rede social.
Manuel Halaiwa revelou que 113 funcionários nacionais estavam envolvidos, e trabalhavam em regime de dois turnos, nomedamente das 10horas às 22horas e das 22horas às 10horas, sendo que apenas 15 estavam inscritos na segurança social.
“Eles retêm as contribuições para a segurança social, mas não as depositam no Instituto, o que constitui abuso de confiança, fuga ao fisco, entre outros crimes com fortes ligações em Angola e Brasil”, explicou.
Esclareceu que os 46 cidadãos chineses, homens e mulheres, estavam envolvidos nesse esquema, enquanto os cidadãos nacionais foram destacados para o "call center" (centro de apoio ao cliente), onde interagiam com os utilizadores dos jogos.
O Superintendente-Chefe também mencionou que uma outra área estava destinada ao engajamento ou marketing dos jogos, em que trabalhavam tanto angolanos quanto chineses.
Referiu igualmente que após o início das actividades no território brasileiro, cidadãos daquele país da América do Sul eram mobilizados para fazer parte da equipa e recebiam comissões à medida que o jogo se multiplicava online.
“Cada plataforma tinha 48 utilizadores no jogo de fortuna ou azar, que foi projectado para causar perda, e o preço do jogo variava de 10 a 100 reais", disse, destacando que nesta operação foram apreendidos 223 computadores de alta gama e 113 telefones utilizados para criar perfis falsos.
Manuel Halaiwa explicou ainda que o jogo servia também para crimes de "fixing", com a extração de dados dos utilizadores, como informações bancários e pessoais.
O Superintendente-Chefe sublinhou que os 46 cidadãos estrangeiros serão apresentados ao Ministério Público, ao juiz de garantia, para a aplicação das medidas de caução.
Disse ainda que o SIC tem alertado os cidadãos para não se deixarem levar por jogos online e para se prevenirem contra burlas e roubos de dados.
“Alguns dos cidadãos estão em situação legal, com contratos de trabalho em outros sectores, enquanto outros possuem apenas visto de turismo”, concluiu.