Terça, 24 de Junho de 2025
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Segunda, 20 Mai 2024 12:32

Angola compra 600 autocarros por 323,5 milhões de euros

A frota de transportes públicos vai ser reforçada com mais 600 autocarros de marca Volvo, com vista à melhoria da mobilidade urbana em Angola, num investimento de 323 milhões e 500 mil euros.

Grande parte dos responsáveis das operadoras manifestaram-se incapazes de comentar a despesa agora aprovada por João Lourenço, face ao desconhecimento sobre as marcas e modelos a serem adquiridos. Além da polémica sobre os preços, Governo não ouviu operadoras.

A despesa de 323,5 milhões de euros para a aquisição de 600 autocarros, autorizada esta semana pelo Presidente da República, representa um aumento de mais de 100% do preço médio por unidade, em relação às compras destes meios realizadas no passado.

Ao contrário dos cerca de 539.166 euros (cerca de 585.481 mil dólares) por cada autocarro autorizados agora, as compras anteriores fixam o preço médio nos 241 mil dólares por unidade.

Os autocarros devem ser adquiridos no âmbito do ‘Programa de Expansão dos Transportes Públicos’ que iniciou em 2019, englobando o programa de mobilidade escolar que estava em curso desde 2016 quando foram autorizadas despesas de 383,5 milhões de dólares para aquisição de 1.500 autocarros, fixando o custo por unidade, vendidos pela Asperbras, em cerca de 255.666 dólares.

A despesa aprovada esta semana é a quinta, a contar de 2016, sendo todas para a aquisição de autocarros, além de outras duas para a compra de mini autocarros, no âmbito do programa de melhoria do transporte público.

As duas últimas despesas foram aprovadas em 2022. Em Dezembro desse ano, o Presidente da República autorizou a despesa de 136,650 milhões de dólares para a compra de 500 autocarros, equipamentos e serviços de assistência técnica, num contrato que seria celebrado entre o Ministério dos Transportes e a empresa Adone Project Management. Contas feitas, cada autocarro custou cerca de 273.300 dólares, registando-se um aumento de cerca de 114% comparativamente à nova despesa autorizada por João Lourenço.

Ainda em Novembro desse mesmo ano, foram autorizadas despesas de 116.152,500 mil dólares para a compra de 500 autocarros, fixando em cerca de 232.305 dólares o custo por unidade.

A vendedora foi a empresa GOTRANS GmbH. Com esta mesma empresa, o Governo assinou, em Agosto de 2017, contrato avaliado em 306,800 milhões de dólares para a compra de 1.500 autocarros. Ou seja, mais uma vez, o custo por cada unidade fixou-se na casa dos 200 mil dólares, mais concretamente 204.533 dólares. Contas feitas, comparativamente ao mais recente contrato aprovado por João Lourenço, regista-se um aumento de 186,3%.

O consórcio formado pela Opaia Europa, em que dá o rosto o empresário Agostinho Kapaia, e a IDC International Trading DMCC, sedeada no Dubai, é o beneficiário do contrato, enquanto o Ministério dos Transportes tem a responsabilidade de praticar todos os actos do contrato.

OPERADORAS DESCONHECEM OPÇÃO DO GOVERNO

A julgar pelo histórico, os autocarros que serão adquiridos devem ser, posteriormente, alie- nados às operadoras que devem amortizá-los faseadamente. Mas, mais uma vez, segundo apurou o Valor Económico, o Governo decidiu avançar para as companhias sem colher a opinião destas empresas. O risco, como observam alguns operadores, é de chegarem ao país modelos que não se adaptam às realidades e necessidades das empresas, como aconteceu com os modelos articulados distribuídos em Dezembro de 2021. As operadoras prefeririam os autocarros convencionais, "em função da mobilidade, da capacidade de transporte e do atendimento", como explicou o director geral da Macon, Luís Máquina, em entrevista concedida a este jornal em Janeiro de 2022.

"Os articulados funcionam mais e melhor quando existem linhas exclusivas. Para o nosso tráfico caótico, paragens, táxis e auto- mobilistas, por si só, é difícil. Os outros países, que aderiram a estes modelos, avançaram para os BRT que são linhas exclusivas", alertou na altura, salientando que as operadoras não tinham sido consultadas.

Grande parte dos responsáveis das operadoras manifestaram-se incapazes de comentar a despesa agora aprovada por João Lourenço, face ao desconhecimento sobre as marcas e modelos a serem adquiridos pelo Governo.

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