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Segunda, 24 Novembro 2014 07:18

Centralidade de Cacuaco regista segunda morte por queda de prédio

Laércio Lukeny Mateus era um menino saudável e feliz, até que uma violenta queda do 3º andar o deixou a mercê de um leito em que ficaria durante sete meses de calvário, imóvel e sem fala.

Captura de ecrã 2014-11-23, às 11.07.22Laércio foi esta Terça-feira (16 )sepultado no Cemitério do Benfica, em Luanda, entre choros e lágrimas de todos que o viram nascer e crescer e sobretudo os que o colocaram neste mundo, há apenas quatro anos. Trata-se da segunda morte envolvendo crianças em menos de um ano na centralidade de Cacuaco.

“Estava a presentar algumas melhorias mas acabou por falecer”, revelou o pai do manino, Mauro António Mateus.

Laércio Mateus sucumbiu no Domingo depois de ter exteriorizado sinais de mal-estar na sexta-feira, segundo o pai.

O pequeno caiu do 3º andar de um prédio localizado no Bloco 6 da Centralidade de Cacuaco, no dia 1 de Abril de 2014, tendo-lhe sido diagnosticado um traumatismo craniano, pelos médicos da Clínica da Endiama.

Foi este quadro clínico que o deixou em coma até partir para sempre. Quis a ironia do destino que a morte do pequeno se desse exactamente num momento em que os pais tinham já conseguido uma junta médica, “com ajuda da família e de pessoas de bem” para a evacuação do doente nos próximos dias para a Alemanha, num último esforço para tentar salvá-lo.

O primeiro caso de queda do prédio, nesta cidade, teve como vítima igualmente um menino que caiu também do 3º andar, desta feita, no Bloco 5, prédio 2, mais ou menos no mesmo período (entre Abril e Maio).

O nome e a idade do infeliz, que morreu dias depois, o PAÍS não conseguiu apurar sabendo apenas que seu pai responde pelo nome de Daniel Júnior.

O dia tinha nascido calmo e a brisa fresca vinda do musseque circundante ia dando o ar da sua graça e até parecia convidar a cada residente a ficar por mais algum tempo .

Mas se muitos não resistiram a esta tentação da mãe Natureza, tal não foi o caso dos pais de Laércio que haviam deixado muito cedo o conforto do novo lar, como era habitual.

Laércio tinha ficado em casa à guarda de uma sobrinha da mãe, como de costume, mas, por motivos não devidamente claros, esta também havia se ausentado da casa deixando o menino sob cuidados da irmã de 9 anos.

O petiz viria a precipitar-se violentamente para o solo, a partir da varanda, quando tentava agarrar uma lata que se lhe havia escapado das mãos, segundo declarou Mauro Mateus.

Os dois acidentes mortais estão a merecer uma séria reflexão dos moradores, em todas a reuniões que se realizam periodicamente, dando indicações de que as novas autoridades, nomeadas esta semana, terão de tomar medidas para evitar novas desgraças. Algumas já foram anunciadas antes mesmo de a nova autoridade governamental se instalar definitivamente nesta circunscrição administrativa.

É o caso da autorização, que os residentes dizem pecar por tardia, da colocação de gradeamentos e outros artefactos nas varandas, independentemente do piso em que o interessado se encontre. Anteriormente apenas os moradores do rés-do – chão e do primeiro andar estavam a autorizados a fazê-lo.

Mas mesmo assim, muitos residentes têm estado a levantar objecções sobre esta nova medida, considerando- a passível de vir a criar outros perigos, nomeadamente, em caso de necessidade de evacuação de emergência dos edifícios.

“ Em vez de morrermos da doença estamos sujeitos a morrer da cura ”, sentenciou um dos moradores.

É que os prédios têm, duma maneira geral, apenas um acesso para todos os moradores e é no mesmo espaço onde são localizados os quadros de energia e de distribuição de água. Nem todos os edifícios beneficiam de bocas de incêndio.

As duas mortes, em menos de um ano, voltam também a destapar o véu sobre os perigos a que estão sujeitos uma boa parte dos moradores das demais centralidades do país, que, provenientes de outras paragens, nem todos se acostumaram a viver em edifícios altos.

As diferentes comissões moradores, que até aqui realizaram uma espécie de auto-gestão, dando vazão à algumas tarefas administrativas, esperam agora que as novas autoridades comecem por realizar campanhas de sensibilização públicas sobre as regras de convivência pessoal e colectiva visando a proteção das pessoas, dos bens e do meio ambiente.

OPAIS

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