“O aumento dos preços [dos produtos da cesta básica] tem duas componentes: a procura e a oferta. Enquanto a nossa oferta for alimentada pela importação, o preço terá sempre essa volatilidade”, disse hoje Vítor Fernandes, quando questionado sobre as consequências do aumento do combustível no preço dos produtos.
Segundo o governante angolano, que falava hoje aos jornalistas no espaço “Diálogo com o Ministro”, a derrocada dos preços seria maior se não fosse a atuação da REA.
A Reserva Estratégica Alimentar “está a atuar”, mas Angola “não está imune ao cenário internacional”, observou.
“Se produzíssemos tudo o que comemos não teríamos esse problema inflacionário, mas estamos a estudar mecanismos para acelerar a atuação da REA”, realçou.
Há uma semana que o litro de gasolina está a ser comercializado em Angola ao preço de 300 kwanzas (0,48 euros), contra os anteriores 160 kwanzas (0,25 euros), e há relatos de aumento do preço do táxi e de alguns produtos da cesta básica.
O ministro da Indústria e Comércio assegurou igualmente que as autoridades estão atentas ao efeito especulativo dos preços em consequência da subida da gasolina.
Arroz, milho, soja, açúcar e frango são alguns produtos que compõem a REA, cuja operacionalização a cargo de um grupo privado teve início em 22 de dezembro de 2021, uma iniciativa do Governo angolano visando promover a baixa de preços dos produtos alimentares essenciais.
Vítor Fernandes fez saber, na sua intervenção, que este ano a REA não vai importar milho porque a entidade tem contrato com 58.000 famílias, espalhadas pelo país, que estão a produzir o cereal para o stock daquele organismo.
Manifestou-se igualmente otimista de que Angola poderá alcançar a autossuficiência alimentar em 2027, defendendo que o país tem de ser autossuficiente em fuba de milho, em frango, cujo país importa em quantidades colossais, e outros produtos.
Disse ainda que o país conta com 11 milhões de toneladas de mandioca plantadas e exortou os operadores a apostarem na cadeia de valor deste tubérculo, por existir no país espaço, financiamentos e compradores deste produto e seus derivados.
O balanço das ações desenvolvidas pelo Ministério da Indústria e Comércio em 2022 e do primeiro trimestre de 2023 nortearam a comunicação do titular do departamento.
Em relação à indústria, Vítor Fernandes, referiu que o setor, que registou uma queda de investimentos de 5,5% no subsetor da indústria transformadora e de 30% em termos de licenciamentos em 2022, devido ao panorama internacional, cresceu 6,6% e deve ascender para 7% em 2023.
Um Plano de Desenvolvimento Industrial 2023-2027 está em preparação e este “deve acompanhar o programa de fomento da produção e diversificação da economia nacional”, rematou.