Quarta, 27 de Agosto de 2025
Follow Us

Quarta, 27 Agosto 2025 15:14

Ex-conselheiro presidencial diz que país carece de instituições para alavancar economia

O agrónomo e antigo membro do Conselho da República angolano Fernando Pacheco defendeu hoje que Angola carece de instituições capazes de orientar o percurso da economia, sobretudo da agricultura, e que o ambiente de negócios desencoraja os empresários.

O antigo membro do Conselho da República, no primeiro mandato do Presidente angolano, João Lourenço, defende que a economia angolana precisa de ser orientada por instituições estruturadas e apetrechadas para que a produção, sobretudo agrícola, tenha reflexos sustentáveis na vida das populações.

A atual situação do país, afirmou, falando à margem do Angola Economic Fórum (AEF-2025), resulta da inexistência de “instituições suficientemente estruturadas e apetrechadas para poderem orientar devidamente o percurso da nossa economia, mas também, temos o problema da falta de empresários”.

Fernando Pacheco referiu que o país tem um número reduzido de empresários, que não conseguem, por isso, “por muito bons que sejam, alavancar a economia, sobretudo a agricultura”.

“Por outro lado, é um facto que o ambiente de negócios (…) desencoraja quer os nacionais, e eu preocupo-me em primeiro lugar com os nacionais, mas também os estrangeiros”, apontou.

O engenheiro agrónomo admitiu que existe um esforço para se atrair investimentos estrangeiros, mas esse investimento, insistiu, “não surge porque o ambiente de negócios [em Angola] não é suficientemente atrativo”.

“O país tem de entender que, se não apostar seriamente nas instituições, as coisas nunca vão melhorar”, sublinhou.

O antigo conselheiro, um dos oradores do painel que abordou a história económica de Angola: uma avaliação sobre as opções de políticas económicas no pós-independência”, criticou ainda a falta de investimentos em incubação de empresas, sobretudo no período de maiores receitas petrolíferas.

“Se tivéssemos feito um investimento sério na incubação de empresas, na formação de empresários, se tivéssemos reconhecido que isso era um défice que nós tínhamos, devido ao colonialismo, mas também devido à guerra, teríamos hoje mais empresários capazes, quer do ponto de vista da gestão, técnica e visão”, observou.

“Infelizmente, o facto de nós termos tido um conjunto de situações que resultaram do aumento do preço do petróleo e da sua produção a nível nacional, fez com que avançássemos com alguns projetos que foram, na minha opinião, irrealistas”, criticou.

O também consultor e pesquisador disse ainda que as grandes fazendas industriais, edificadas após o conflito armado em 2002, “consumiram, na altura, cerca de dois mil milhões de dólares e os resultados foram muito negativos”.

“Tanto assim é que depois o Governo teve de privatizar esse conjunto de projetos e depois, então, iniciar, a partir de 2014, sempre no domínio da agricultura, uma nova fase que estamos a atravessar agora, onde ainda há algumas dificuldades, mas parece-me que o caminho agora é mais assertivo”, rematou Fernando Pacheco.

O AEF-2025, que congrega mais de 70 oradores, entre políticos, economistas, governantes, académicos, empresários e diplomatas, decorre até sexta-feira em Luanda sob o lema “Celebramos a História, Impulsionamos o Futuro da Economia” alusivo aos 50 anos de independência de Angola.

Rate this item
(0 votes)