O Presidente angolano nomeou, há dias, vários responsáveis do Serviço de Investigação Criminal (SIC), entre os quais o comissário, este estando a ser investigado por liderar uma suposta “rede de tráfico de droga”.
A indicação de Fernando Receado para director-geral adjunto do Serviço de Investigação Criminal está a causar indignação entre analistas, uma vez que se desconhece a conclusão da investigação que recai sobre o ex-dirigente do SIC-Luanda.
O advogado Agostinho Canando não ficou surpreendido com a promoção de Fernando Receado, ao alegar que a nomeação do comissário apenas comprova, mais uma vez, a interferência directa do chefe do Estado na justiça angolana.
“É uma nomeação com propósito, se calhar de atrapalhar aquilo que são as investigações que estão a decorrer contra este mesmo indivíduo. A partir deste momento vai impedir que as investigações decorram nos seus trâmites normais. Quer dizer que é a justiça angolana a sair lesada, por conta daquilo que é a interferência directa ou indirecta do titular do poder executivo”, sintetizou o também professor.
Já o politólogo José Adalberto sublinha que o presidente ao nomear o comissário não teve boa postura, por estar a decorrer uma investigação sobre o alegado envolvimento do oficial de investigação criminal no tráfico de droga.
“Havendo suspensão já não se nomeia a figura. Penso que o presidente andou mal, porque existe um inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República contra a figura nomeada, embora goze do princípio da presunção de inocência, mas é inquirido por ser suspeito de cometer crimes de tráfico de drogas”, comentou o analista.
Em Janeiro deste ano a Procuradoria-Geral da República anunciou a abertura de uma investigação para apurar o envolvimento de altos responsáveis do Serviço de Investigação Criminal no tráfico de droga, incluindo o antigo delegado provincial de Luanda.
Neste momento, ninguém quer se pronunciar e nem mesmo a procuradoria. RFI