Quinta, 25 de Abril de 2024
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Segunda, 07 Setembro 2020 21:12

Policia Angolana suspende agentes que detiveram médico

O Comando Provincial da Polícia de Luanda (PN) anunciou, esta segunda-feira, a suspensão dos agentes envolvidos na detenção do médico Sílvio Dala, falecido na semana finda.

A vítima perdeu a vida a caminho do Hospital do Prenda, depois de um mal-estar no interior de uma esquadra policial, no bairro do Rocha Pinto, distrito da Maianga em Luanda.

O pediatra padecia de uma doença de base (não revelada), que, segundo a autópsia, teria sido a causa principal do mal-estar e da morte.

Conforme a versão tornada pública pelo porta-voz do Ministério do Interior, Waldemar José, o médico sofreu uma queda aparatosa no interior da esquadra e teve escoriações ligeiras na cabeça, mas a autópsia revelou que não sofreu agressão.

De recordar que a autopsia determinou que o médico teve morte "patológica" e não provocada.

Esta versão, tornada pública pelo Ministério do Interior, tem levantado dúvidas em vários círculos da sociedade, gerando críticas sobre uma eventual má abordagem da Polícia.

As suspeitas, reproduzidas por várias figuras públicas, ganharam força depois da publicação de uma foto, nas redes sociais, em que o médico aparece no chão, em volta de bastante sangue.

Na sequência do caso, o Comando Provincial da PN abriu, igualmente, sindicância contra os agentes envolvidos na detenção, para apurar as circunstâncias da morte.

Segundo o Comandante Provincial da Polícia, Eduardo Cerqueira, os mesmos estão suspensos até ao final da averiguação.

Além da suspensão e sindicancia, o Ministério do Interior abriu inquérito e um processo-crime, que já corre trâmites na Procurador Geral da República (PGR). 

Morte sob investigação

O ministro do Interior, Eugénio Laborinho, anunciou ontem, em comunicado, que foi movido já um processo- crime junto da Procuradoria Geral da República (PGR), para apurar as circunstâncias que estiveram na origem da morte do médico pediatra Sílvio Dala.

Segundo o ministro, que revelou- se constrangido com a morte do médico, disse que, por jovem dever de cautela, foi instaurado um inquérito para se aferir o que terá ocorrido na esquadra policial antes de o médico ter sido levado para o hospital do Prenda .

No comunicado, Eugénio Laborinho tranquilizou a família, informando que procedimentos estão a ser observados para apurar pessoas àqueles que eventualmente têm relação directa com a ocorrência.

Segundo ainda Laborinho, a morte prematura do médico Sílvio Dala não abalou sou a sociedade, em particular a classe médica, as ordens da ordem, mas pela forma repentina como ocorreram os factos.

(Por dentro do caso)

Segundo a primeira versão do Ministério do Interior, Sílvio Dala foi interpelado por um efectivo da Polícia Nacional, por não uso de máscara na sua viatura, e levado à esquadra.

A medida do efectivo da PN baseou-se no novo Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade Pública, que impõe o uso obrigatório de máscara na via pública e no interior das viaturas, até as pessoais.

O desrespeito dessa norma é punível com multa, no valor de cinco mil kwanzas.

O porta-voz do Ministério do Interior, Waldemar José, afirmou, há dias, que o médico teria sido encaminhado para uma esquadra policial mais próxima, onde foram cumpridas todas as formalidades da elaboração do auto de notícia e a respectiva notificação de transgressão.

Pelo facto de esquadra não possuir mecanismo para o pagamento da multa de cinco mil kwanzas, disse, o médico terá ligado para alguém próximo para efectuar o respectivo pagamento e levar o comprovativo à esquadra.

Foi nesse período de espera, de acordo com o oficial comissário, que o cidadão terá começado a passar mal e desfalecido (desmaiou), embatendo com a cabeça no chão.

O mesmo, afirma, foi prontamente posto numa viatura das forcas de defesa e segurança que a levava para o Hospital do Prenda, no mesmo distrito, onde veio a falecer durante o trajecto.

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