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Quarta, 29 Janeiro 2020 16:20

Administradores de empresas de Isabel dos Santos em Malta demitem-se

A empresária angolana já perdeu o seu principal advogado em Portugal, Jorge Brito Pereira, mas também dois administradores de várias das suas empresas em Malta, que também ficaram sem auditores.

O impacto dos Luanda Leaks chegou às empresas que Isabel dos Santos tem em Malta, levando os administradores malteses Noel Scicluna e John Carbone a demitir-se dos cargos em várias sociedades que a empresária angolana tem naquela jurisdição.

A renúncia de Noel Scicluna foi entregue a 20 de janeiro no registo comercial de Malta, um dia depois da publicação das primeiras notícias do Luanda Leaks sobre a forma como Isabel dos Santos construiu a sua fortuna e se rodeou de uma rede de assessores e consultores para aumentar o seu património.

As cartas, que o Expresso consultou através do registo comercial de Malta, produzem efeitos a partir de 14 de janeiro, antes da publicação dos Luanda Leaks, mas já depois de os visados terem sido confrontados com perguntas do ICIJ – Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

Noel Scicluna, que foi deputado em Malta na década de 1980, é especializado na advocacia de negócios, acumulando cargos em dezenas de empresas maltesas. Entre elas as de Isabel dos Santos.

Após as revelações do Luanda Leaks, Scicluna entregou no registo de Malta cartas de renúncia às funções de administrador em empresas como a Winterfell Industries Limited (que controla a portuguesa Efacec), a Finisantoro (através da qual Isabel dos Santos é acionista do banco BIC) e a Athol Limited (que a empresária usou para comprar um apartamento de 50 milhões de euros no Mónaco). Scicluna também apresentou a 18 de janeiro a renúncia na Wise Intelligent Solutions (sociedade pela qual Isabel dos Santos subcontratou várias consultoras para trabalharem a reestruturação da Sonangol).

Além de Noel Scicluna, um outro administrador de empresas maltês, John Carbone, decidiu afastar-se. A 21 de janeiro apresentou as suas cartas de renúncia como administrador de empresas como a Wise e a Finisantoro, por exemplo.

Auditores também abandonam Isabel dos Santos

A multinacional de auditoria e consultoria PwC já havia anunciado, ainda antes do Luanda Leaks, que tinha decidido deixar de trabalhar com Isabel dos Santos, depois de no final de dezembro o Tribunal Provincial de Luanda revelar uma decisão de arresto de participações da empresária, acusando-a de ter lesado o Estado angolano em mais de mil milhões de dólares.

A PwC formalizou a saída das empresas de Isabel dos Santos em Malta a 20 de janeiro (mas produzindo efeitos a 6 de janeiro). No registo comercial de Malta é possível constatar que o fez, por exemplo, em relação à Winterfell (dona da Efacec) e à Finisantoro (acionista do BIC).

Mas Isabel dos Santos não trabalha exclusivamente com a PwC. Na Wise Intelligent Solutions o auditor era a empresa Tri-Mer Audit Limited, que esta terça-feira, 28 de janeiro, entregou uma carta anunciando a sua renúncia às funções que tinha na empresa maltesa.

Segundo os registos consultados pelo Expresso, nas várias sociedades maltesas em que houve demissões não houve ainda substituição dos auditores e administradores. Em algumas das sociedades mantém-se em funções o advogado português Jorge Brito Pereira, que na passada sexta-feira anunciou publicamente que deixaria de trabalhar com Isabel dos Santos.

ISABEL DOS SANTOS CONTRATA ADVOGADOS EM LONDRES
Apesar de ter perdido o patrocínio de Brito Pereira, Isabel dos Santos recorreu aos serviços de uma prestigiada sociedade de advogados com escritórios em Londres, a Schillings Partners.

Esta firma já trabalhou com o futebolista Cristiano Ronaldo, com o ex-ciclista Lance Armstrong e com o casal Harry e Megan Markle, entre outros clientes famosos. Será agora com a Schillings que Isabel dos Santos contará para processar o ICIJ por causa das revelações do Luanda Leaks.

"Refuto as alegações infundadas e falsas afirmações e informo que deram início as diligências para as ações legais contra a ICIJ e parceiros da ICIJ, as quais serão conduzidas pela empresa internacional de advogados Schillings Partners", revelou, em comunicado enviado à agência Lusa, Isabel dos Santos. EXPRESSO

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