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Segunda, 30 Setembro 2019 18:08

Familiares levam ao Comando da Polícia do Cuango cadáver do homem assassinado por militares

Prevalecem os assassinatos de civis nas zonas de exploração de diamantes no município do Cuango, província da Lunda-Norte, por elementos afectos a Polícia Nacional e as Forças Armadas Angolanas (FAA).

O caso mais recente ocorreu à meia-noite do dia 22 de Setembro em que, o cidadão Eduardo Muaquixi de 38 anos, conhecido igualmente por “Edu”, foi morto a tiro por militares ligados à unidade dos comandos “boinas vermelhas”.

Segundo apurou O Decreto, a vítima fazia parte de um grupo de mergulhadores que praticavam actividades de garimpo numa “ilha” próxima às margens do rio Cuango que dista a pouco mais de 500 metros do bairro Ngongassuari.

No local, o grupo foi surpreendido com tiros feitos por “Comando Especiais” que estão envolvidos na “Operação Transparência”, tendo um dos disparos atingido mortalmente na zona do tórax o cidadão Eduardo Muaquixi (Edu), natural da Comuna do Luremo.

De acordo com os familiares da vítima, Eduardo Muaquixi deslocou-se às margens do rio Cuango com o propósito de procurar o sustento da família com a prática de garimpo, já que o desemprego na região, segundo contam, está cada vez mais elevado, pelo que, a única forma que os populares encontram é a exploração artesanal de diamantes.

Dados avançados ao O Decreto, o grupo era constituído por sete elementos (mergulhadores) quando na noite de sexta-feira, 20, se dirigiram ao local de exploração: “Tinham mais de 15 motores de casabula, quando foram abordados às 00horas de domingo com vários tiros, como que de guerra se tratasse”, disse João Mandume Camoxi, irmão do malogrado.

Os familiares dizem que tomaram conhecimento da morte de Eduardo Muaquixi logo nas primeiras horas de domingo, 22/09, tendo se deslocado de seguida no terreno onde foram informados que os agentes da Polícia Nacional já haviam removido o cadáver.

Postos na morgue do Hospital Municipal do Cuango, localizado no antigo bairro Samuamba a quatro quilômetros da sede do município: “Observamos que ele foi atingido no peito e morreu no local”, contou outro familiar, acrescentando que a Polícia Nacional “ofereceu à família da vítima 10 mil Kwanzas para o aluguer de uma viatura que transportou os restos mortais do nosso irmão até à casa”.

Devido à falta de condições financeiras para a realização do funeral, os familiares recorreram à corporação junto do Comando Municipal da Polícia Nacional no Cuango com o objectivo de conseguirem o caixão para o enterro, mas lamentam que não receberam qualquer apoio.

Como alternativa, os familiares tiveram que “fabricar” um caixão improvisado: “Quando tentamos meter o cadáver na caixa, as madeiras começaram a partir, então, tivemos a amarrá-la com cordas de lençol, pois o corpo já estava quase em estado de decomposição”.

Com o cadáver nos ombros, os familiares e demais membros da comunidade, foram até ao Comando da Polícia para exigir o caixão, mas contaram ao O Decreto que foram “respondidos com tiros dos agentes policiais” por volta das 13h00 do dia 23, “e saímos lá todos dispersos”, disse João Mandume Comoxi, irmão da vítima.

A população do Cuango diz que, a situação recorrente de assassinato de civis, devido aos diamantes “denuncia cumplicidade por parte do governo angolano”, que para os habitantes daquela região leste do país rica em diamantes, as autoridades pouco ou nada fazem para pôr fim às “matanças de garimpeiros”.

“As milícias do MPLA de João Lourenço continuam a ceifar vidas humanas, pois, este fenómeno se transformou num laboratório da morte, por isso, o apelo vai ao Presidente da República”, disse uma fonte ao O Decreto.

A vítima deixou viúva e seis filhos. Desde Janeiro deste ano, já foram assassinado mais de dez cidadãos civis garimpeiros só nas regiões de Cafunfo e Cuango, acções segundo fontes do O Decreto, são atribuídas aos agentes da Polícia Nacional (PN), Forças Armadas Angolas (FAA), Polícia de Guarda Fronteiras (PGF) e elementos afectos à empresas privadas de segurança que protegem as minas de diamantes.

Efectivos das Forças Especiais detidos por homicídio

Quatro efectivos afectos às Forças Especiais (comandos) estão detidos por supostamente terem atingido mortalmente, com um tiro à queima-roupa, um cidadão de 34 anos, no município do Cuango, província da Lunda Norte.

Em nota, o Comando Provincial da Polícia Nacional refere que o crime ocorreu na madrugada do dia 22 do mês em curso, quando os acusados patrulhavam uma zona de exploração diamantífera, no âmbito da “Operação Transparência”. O caso, primeiro do género, já foi remetido ao Ministério Público para o devido tratamento.

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