Entretanto, o governo provincial da Lunda-Norte deu a conhecer ,em comunicado, que“a inesperada decisão do grupo de refugiados dificulta a definição do calendário acertado entre todas as partes envolvidas, para o regresso organizado dos refugiados, complicando o processo em geral”.
O grupo de cidadãos congoleses, que faz parte dos 23.600 refugiados na província angolana da Luanda-Norte, decidiu abandonar Angola iniciando uma caminhada de mais de 100 quilómetros, alegando falta de condições para a sua permanência neste país.
Governo angolano apela ao bom senso do ACNUR
O governo angolano apelou ao bom senso por parte do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) no apoio ao processo de repatriamento dos refugiados da República Democrática do Congo (RDC), sem a imposição de regras, por se tratar de um assunto de emergência e humanitário.
O apelo foi feito hoje (segunda-feira) pela ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina Alves, que destacou o facto do governo angolano estar a prestar todo apoio ao repatriamento dos refugiados congoleses.
Na madrugada de domingo (18), oito mil, dos 23 mil e 684 refugiados, decidiram, unilateralmente, abandonar o campo em que se encontravam alojados, número que subiu para 18 mil e 800.
Os mesmos rumaram a pé em direcção ao centro político e administrativo da província (cidade do Dundo), para atingir a fronteira com a República Democrática do Congo, num percurso de 80 a 90 quilómetros, tendo atingido apenas a sede municipal do Lóvua.
A decisão dos congoleses de abandonar o centro do Lóvua contraria a recomendação da ACNUR, que perspectiva o seu repatriamento a partir de Setembro próximo.
“Se começa a morrer gente e mulheres a darem a luz ao longo da via, Angola será conotada como um país que não respeita os direitos humanos, por isso, no bom senso e fruto das boas relações diplomáticas entre o ACNUR e Angola, nós temos que encontrar formas de contornar, (pelo que) vamos proteger as vidas que estão neste momento no nosso país”, sublinhou.
Apelou ao ACNUR para a adopção de medidas “imediatas” no sentido de ajudar o governo angolano a proteger e facilitar o repatriamento, por uma questão de princípios humanitários, principalmente para preservar a vida humana, em particular das crianças, mulheres e idosos.
A migração dos mais de 35 mil cidadãos congoleses, em desespero, para Angola, derivou da violência extrema e generalizada causada por tensões políticas e étnicas na RDC em Maio de 2017.