O posicionamento do maior partido na oposição foi apresentado ontem, em Luanda, pelo secretário da presidência para os Assuntos Eleitorais, Vitorino Nhany, durante uma conferência de imprensa que serviu para fazer o balanço dos primeiros 15 dias do processo de actualização do registo eleitoral.
Entre as supostas irregularidades apontadas por Vitorino Nhany, destacam-se a proibição de actualização aos eleitores que não se façam acompanhar dos respectivos bilhetes de identidade, a movimentação e fixação de brigadistas em localidades não declaradas no mapeamento, bem como a realização de pausas intermitentes feitas por brigadistas, aproveitando fazer outros registos fora da brigada em serviço.
A não inclusão, no mapeamento, de áreas populosas em certas províncias como o Cuanza Sul (comuna de Kissongo, município de Calulo, e Lonhe no município de Kibala), Cuando Cubango, Bié e Luanda (mais concretamente nos municípios do Cazenga, Viana e Cacuaco), bem como a suposta existência de registos múltiplos são outras das irregularidades que a UNITA diz estar a assistir no processo de actualização do registo eleitoral.
Como exemplo, Vitorino Nhany apontou o suposto caso da eleitora Maria Glória, que terá actualizado o seu registo no bairro Kifica-Benfica, em Luanda, mas o seu nome aparece em 1.200 registos. Outro suposto caso, disse, é do cidadão Manuel Eduardo, com dois cartões de eleitor, sendo um com o número 59.551/grupo 60.252 e o outro com o número 59.616/grupo 60.252. Acrescentou que, no Zango 4, em Viana, o cidadão Domingos de Oliveira terá aparecido registado 50 vezes.
“Esta é mais uma prova de que o FICRE (Ficheiro Informático Central do Registo Eleitoral) não foi transferido para a Comissão Nacional Eleitoral e que os seus erros se mantêm intactos”, afirmou o secretário da presidência da UNITA para os Assuntos Eleitorais, para quem são esses mesmos erros que promoveram uma maioria qualificada ao MPLA nas eleições de 2012. Questionado sobre o que o seu partido pretende fazer caso essas supostas falhas não sejam ultrapassadas, Vitorino Nhany disse: “a UNITA tem vindo a dar a sua contribuição no sentido de ver todos esses problemas ultrapassados. Se não forem ultrapassados, a direcção do partido vai reunir e emitir o seu posicionamento”.
Transparência
Face ao que expôs, a UNITA fez um balanço negativo sobre os primeiros 15 dias do processo de actualização do registo eleitoral, alegando que o mesmo não está a ser transparente. “Em função das irregularidades que apontei, não podemos declarar o processo como sendo positivo. É mesmo negativo e poderíamos considerar positivo o balanço se o elemento transparência estivesse presente”, declarou o secretário da presidência daquele partido para os Assuntos Eleitorais, para quem o processo de actualização do registo eleitoral deveria ser conduzido por um órgão independente, no caso, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE).