Em conferência de imprensa em Luanda, onde se exibiram fotos de destroços e crianças feridas e mortas durante os ataques dos últimos dias na Faixa de Gaza, Jubrael Alshomali, fez referência aos laços históricos, entre Angola e Palestina, sublinhando que a relação se mantém “no topo”.
“Agradecemos a Angola pela sua posição nobre face à Palestina”, disse o diplomata, recordando o apelo do Presidente angolano nas Nações Unidas para que o mundo não esquecesse o sofrimento dos palestinianos e defendendo a implementação dos dois Estados.
“Mas quem recusa isto, quem recusa? Israel. Quem ignora as resoluções das Nações Unidas? Israel”, acusou o responsável palestiniano, criticando o apoio de alguns países ocidentais a Israel, apesar do país violar as resoluções “que eles próprios aprovaram”
“É uma vergonha, uma vergonha”, insistiu.
O diplomata elogiou também o “bom discurso” do Presidente da República de Angola na segunda-feira, em que João Lourenço fez um retrato do estado da nação, na abertura do ano parlamentar, abordando igualmente o tema dos conflitos israelo-palestinianos.
“Ele disse que a Palestina tem direito a defender-se e a lutar pela sua liberdade e a sua independência”, recordou, aplaudindo o apoio de João Lourenço à causa palestiniana.
O chefe de Estado angolano mostrou-se apreensivo com o escalar da tensão no Médio Oriente, condenou o ataque do grupo islamita palestiniano Hamas a Israel e disse que embora o países tenham direito a defender-se, “esse mesmo direito tem igualmente o povo palestino, que vive há décadas uma situação de contínua ocupação e anexação de partes do seu território”.
O diplomata acusou Israel de provocar um genocídio, bombardeando continuadamente Gaza e atingindo casas, hospitais, igrejas, mesquitas e escolas.
Negou também que os militares do Hamas estejam escondidos entre a população, dizendo que estão abrigados no subsolo e classificou Netanyahu (primeiro-ministro israelita) e o seu governo como “criminosos”.
“Israel é um estado de ‘apartheid’ como a África do Sul”, declarou, acrescentando que o Estado palestiniano é contra a morte de civis.
“Quem está a matar civis é o estado de Israel”, afirmou, salientando que foram mortos desde o intensificar do conflito 4.000 palestinianos, 70% oas quais mulheres e crianças.
Questionado sobre o ataque de 07 de outubro do Hamas em solo israelita sustentou que não foi este o acontecimento que iniciou o conflito, relatando episódios de “massacres” desde “a ocupação israelita”.
O ataque de “07 de outubro foi uma reação ao que aconteceu”, realçou, reafirmou que estão contra a morte de civis.
Disse ainda que quem representa o povo da Palestina é a Autoridade Palestiniana, internacionalmente reconhecida, e considerou que quem prejudica os palestinianos é Israel e não o Hamas.
As relações diplomáticas entre Angola e Palestina datam da década de 80 e residem no país africano cerca de 300 palestinianos, grande parte refugiados provenientes do Líbano
Hoje cumpre-se o 13.º dia de guerra, iniciada com o ataque surpresa do grupo islamita Hamas em território israelita que provocou, segundo as autoridades judaicas, cerca de 1.400 mortos e 4.000 feridos.
Israel reagiu ao ataque de 07 de outubro declarando guerra ao Hamas, impondo um bloqueio total à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e iniciando intensos bombardeamentos que segundo as autoridades palestinianas já provocaram cerca de 4.000 mortos.