A organização de socorro tinha indicado antes que 15 pessoas tinham morrido hoje nestes ataques israelitas ao hospital Nasser, na cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza.
A estação qatariana Al-Jazeera, as agências de notícias Reuters e Associated Press (AP) lamentaram a morte dos seus colaboradores, manifestando choque e tristeza.
O exército israelita reconheceu ter realizado "um ataque na zona do hospital Nasser" e anunciou uma "investigação", lamentando "qualquer dano causado a indivíduos não envolvidos" e que "não teve como alvo jornalistas propriamente ditos".
O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal, reviu em alta o número inicial de vítimas mortais, que subiu para 20, incluindo "cinco jornalistas" — em comparação com os quatro anteriormente relatados — "e um membro da Defesa Civil" de Gaza.
Segundo Bassal, o hospital Nasser em Khan Yunis foi atingido duas vezes pelo exército israelita, primeiro por um ‘drone’ explosivo e depois por um bombardeamento aéreo enquanto os feridos eram retirados do local.
Dadas as restrições impostas por Israel aos meios de comunicação social em Gaza e as dificuldades de acesso ao local, a AFP não pode verificar de forma independente as reportagens e alegações feitas pela Defesa Civil ou pelo exército israelita.
A Al-Jazeera anunciou a morte no local de um dos seus fotojornalistas e repórteres de imagem, Mohammed Salam, duas semanas após a perda de quatro jornalistas e dois ‘freelancers’ num ataque direcionado do exército israelita, que acusou um deles de ser um membro ativo do braço armado do movimento islamista palestiniano Hamas.
A agência negou esta alegação. "Estamos devastados ao saber da morte do funcionário da Reuters, Hussam al-Masri, e dos ferimentos sofridos por outro funcionário nosso, Hatem Khaled, nos ataques israelitas ao Hospital Nasser", disse um porta-voz da agência de notícias canadiana-britânica, em comunicado.
A AP afirmou estar "chocada e triste" com a morte de Mariam Dagga, de 33 anos, fotojornalista ‘freelancer’ que trabalhava para a agência desde o início da guerra.
A jornalista não estava ao serviço da agência na altura do ataque, afirmou a empresa de comunicação. O Sindicato dos Jornalistas Palestinianos identificou as outras duas vítimas como sendo Moaz Abu Taha e Ahmad Abu Aziz.
De acordo com um jornalista da AFP em Gaza, este último trabalhava para meios de comunicação palestinianos e internacionais.
Decididamente Israel passou a ter os jornalistas entre os alvos prioritários e o objectivo só pode ser impedir que os crimes cometidos em Gaza cheguem ao exterior. Por enquanto não há registo de jornalistas abatidos por Israel foram do contexto geográfico do Médio Oriente e no âmbito deste conflito em Gaza, que foi iniciado em Outubro de 2023, quando o Hamas assaltou o sul de Israel onde deixou um rasto de sangue de mais de mil mortos.
Antes do anúncio destas mortes, o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) contabilizaram quase 200 jornalistas mortos desde o início da guerra em Gaza, desencadeada pelos ataques sem precedentes do Hamas contra Israel, em 07 de outubro de 2023.
Bassal mencionou também a morte de um profissional de saúde entre as vítimas destes ataques. O hospital Nasser é uma das últimas unidades de saúde parcialmente funcionais na Faixa de Gaza.
Este complexo hospitalar foi alvo de ataques por parte de Israel por diversas vezes desde o início da guerra.
A Defesa Civil reportou um total de 28 mortes até ao início da tarde de segunda-feira em ataques e disparos do exército israelita no pequeno território palestiniano, devastado por quase dois anos de guerra, que fizeram dezenas de milhares de mortos e provocaram um desastre humanitário.