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Segunda, 18 Julho 2022 14:49

Eleições: Grupo desconhecido "limpa" bandeiras da UNITA à volta do Largo da Independência, em Luanda

No sábado, 16, perto das 22:00, um grupo de indivíduos desconhecidos, com recurso a uma carrinha de caixa aberta, percorreu algumas das vias de acesso ao Largo da Independência, em Luanda, e retirou a maior parte das bandeiras da UNITA, deixando uma "maioria qualificada" de propaganda eleitoral no coração da capital nas mãos do MPLA e quase sem representação das forças políticas da oposição.

Nas avenidas Deolinda Rodrigues e Ho Chi Minh, nas imediações da Praça da Independência, ou Largo 1º de Maio, ou nas imediações do Shopping Chamavo, as bandeiras do MPLA sobressaem de forma avassaladora e sem concorrência depois de uma acção conduzida por um grupo de jovens que retirou toda a propaganda da UNITA, permanecendo apenas visíveis algumas bandeiras rasgadas que não conseguiram retirar.

O secretário para a Organização da UNITA, Diamantino Mussokola, disse ao Novo Jornal que este tipo de comportamento, que denota uma "clara e nada democrática intolerância política", marca presença para manchar a democracia angolana sempre que se aproximam eleições.

"É mais um acto de intolerância política", disse Diamantino Mussokola, acrescentando que o seu partido não se vai deixar atemorizar porque "não são as bandeiras que votam, são os angolanos e estes estão preparados, desta vez, para alternar o poder em Angola".

Fazendo reparos à inundação da cidade com bandeiras do partido no poder, o dirigente do partido do "Galo Negro" acusa o Governo do MPLA de "não conseguir resolver os problemas do povo" e, por isso, optar por este tipo de práticas, embora não existam quaisquer provas da autoria desta acção, apelando às autoridades para que este tipo de actos de intolerância sejam travados.

O Novo Jornal ouviu o director do gabinete de comunicação institucional e imprensa do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, superintendente Nestor Goubel, que disse não ter sido feita qualquer denúncia à Polícia Nacional sobre esta situação.

"Não temos informações sobre este assunto, acredito que o partido político em questão não efectuou queixa-crime de vandalização das sua bandeiras", afirmou, sublinhando que até à data presente a única detenção realizada pela corporação ocorreu no distrito do Rocha Pinto, "quando um jovem de 22 anos foi apanhado em flagrante a vandalizar bandeiras da República e do partido MPLA".

"Apesar de não existir nenhuma denúncia, vamos trabalhar para averiguar se este caso é mesmo verídico, caso seja, os elementos que estão a enveredar por este caminho vão ter resposta de acordo com o crime praticado", explicou.

Mas, na sexta-feira, 15 de Julho, um dia antes de terem sido registados estes episódios, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, lamentou que o Largo da Independência esteja monopolizado pelo partido no poder, que "não aceita que outras organizações políticas ali realizem as suas actividades".

O líder do principal partido da oposição, que falava durante um encontro com fazedores de opinião e jornalistas e com líderes da Frente Patriótica Unida, informou que a organização mandou um ofício às autoridades da província de Luanda mas até agora sem resultados.

O MPLA domina as principais artérias da cidade de Luanda com publicidade eleitoral "afogando" as pequenas forças políticas.

Nas ruas da capital, durante esta fase da pré-campanha eleitoral das eleições gerais de 24 de Agosto vêem-se sobretudo cartazes com rosto de João Lourenço e as bandeiras do MPLA fixadas nos postes de electricidade e árvores.

Estão autorizados para concorrem às eleições gerais de 24 de Agosto, os partidos MPLA, UNITA, PRS, FNLA, APN, PHA e P-NJANGO e da coligação CASA-CE.

Do total de 14,399 milhões de eleitores esperados nas urnas, 22.560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América.

A votação no exterior terá lugar em países como a África do Sul (Pretória, Cidade do Cabo e Joanesburgo), a Namíbia (Windhoek, Oshakati e Rundu) e a República Democrática do Congo (Kinshasa, Lubumbashi e Matadi).

Ainda no continente africano, poderão votar os angolanos residentes no Congo (Brazzaville, Dolisie e Ponta Negra) e na Zâmbia (Lusaka, Mongu, Solwezi). NJ

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